
Trump dá chilique. Paz duradoura depende do fim da expansão da Otan em apoio aos neonazis no poder desde 2014, aboletados em Kiev por intervenção de Washington
Sob pressão para que sentem na mesa, especialmente vinda de Putin, e com perdas ucranianas no terreno, a segunda rodada de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia ocorrerá em Istambul em 2 de junho.
O anúncio do segundo encontro veio pelo Ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, na quarta-feira (28). A informação foi feita após telefonema entre Lavrov e o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan. .
A delegação russa, liderada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky, está pronta para apresentar o memorando sobre um futuro tratado de paz em Istambul, acrescentou Lavrov. O documento – ele assinalou – contém todos os aspectos para superar de forma confiável as causas profundas da crise na Ucrânia. O lado russo está pronto para explicá-los.
Ainda segundo Lavrov, Moscou espera que os interessados no sucesso do processo de paz apoiem a nova rodada de negociações. A Rússia manifestou seu agradecimento à Turquia por novamente sediar a negociação.
Por sua vez, o ministro da Defesa da Ucrânia e chefe da delegação ucraniana nas negociações com a Rússia, Rustem Umerov, disse em 28 de maio que a Ucrânia entregou à Rússia um rascunho de memorando com sua posição sobre um cessar-fogo e resolução de conflito. “Entreguei nosso documento ao chefe da delegação russa, que reflete a posição ucraniana”, ele postou em sua página do Facebook.
A definição da data e local da segunda rodada da retomada das negociações diretas Rússia-Ucrânia acontece após tentativa dos países europeus – a assim chamada “Coalizão dos Dispostos” (Reino Unido, França, Alemanha e Polônia) – de apostarem na guerra e tentarem influenciar o presidente Trump quanto ao processo em curso, alegando a resposta russa à escalada dos ataques ucranianos com drones contra civis dentro da Rússia.
700 DRONES DE KIEV NA ESCALADA DE ATAQUES A MOSCOU E OUTRAS REGIÕES
Questão sobre a qual o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou que “o regime de Kiev bombardeia alvos civis na Rússia, enquanto a Rússia só ataca alvos militares na Ucrânia”.
Como observou o ex-agente da CIA e fundador dos Veteranos da Inteligência pela Sanidade, Larry Johnson, “Por que Putin ordenaria ataques maciços à Ucrânia em 24 e 25 de maio? Sem razão alguma”?”. E explica: “Parece que ninguém informou Trump sobre o que a Ucrânia fez, a partir de 19 de maio. Entre 19 e 25 de maio de 2025, a Ucrânia realizou uma escalada significativa em sua campanha de drones contra a Rússia, lançando centenas drones em várias regiões”.
Ele cita o Business Insider para registrar que entre 19 a 22 de maio: “A Rússia relatou ter interceptado pelo menos 485 drones ucranianos em 13 oblasts, incluindo 63 visando a região de Moscou”.
Só que o número é maior como divulga o Washington Post e Larry repercute: “durante um período de três dias [23-25 de maio], a Ucrânia lançou extensos ataques de drones em território russo, interrompendo a vida civil e sobrecarregando os sistemas de defesa aérea da Rússia. As autoridades russas relataram a interceptação de mais de 700 drones, incluindo quase 100 perto de Moscou, levando ao fechamento de grandes aeroportos e à interferência da internet móvel em várias regiões”.
O ex-agente comenta que “imagine como Donald Trump reagiria se os cartéis de drogas mexicanos lançassem 700 drones de ataque nos Estados Unidos. Todos nós sabemos a resposta… os EUA estariam bombardeando o México enquanto falamos”.
2 MIL ATAQUES POR SEMANA CONTRA ALVOS CIVIS NA RÚSSIA
Números semelhantes sobre a escalada com drones ucranianos são apresentados pela agência russa de notícias RIA-Novosty. “Somente em abril, as Forças Armadas Ucranianas realizaram cerca de dois mil ataques por semana contra alvos puramente civis em nosso território, resultando em pelo menos 478 civis feridos, 59 dos quais morreram”.
Conforme o jornal Svobodnaya Pressa, “em apenas cinco dias (20-25 de maio), nossos artilheiros antiaéreos e equipes de estações de guerra eletrônica abateram 221 drones das Forças Armadas Ucranianas sobre a região de Oryol e 217 sobre a região de Kursk. Outros 141 UAVs sobre Bryansk. 137 sobre Belgorodskaya. 72 sobre Tula. 39 sobre Kaluga. 25 sobre Ryazan. 17 sobre Tverskaya. 9 sobre Voronezh. 8 acima de Vladimirskaya. 8 sobre Lipetsk. 5 sobre Smolenskaya. 3 acima de Ivanovskaya. 2 sobre Rostovskaya. 1 acima de Novgorodskaya. 1 sobre Nizhny Novgorod.”
PROVOCAÇÃO CONTRA O HELICÓPTERO DE PUTIN
Ainda mais grave, veio à tona que o regime de Kiev executou um ataque de enxame de drones contra o helicóptero que conduzia Putin à visita à recentemente libertada Kursk em 20 de maio. O desastre foi impedido pela defesa antiaérea russa.
Os sistemas de defesa aérea russos interceptaram os drones e os destruíram antes que eles pudessem atingir a rota de voo do presidente, disse o comandante da unidade de defesa aérea russa, Yuriy Dashkin, segundo a agência de notícias russa RBC. O comandante disse à agência de notícias que, de 20 a 22 de maio, a Rússia sofreu um ataque massivo de drones da Ucrânia, com a defesa aérea do país “destruindo” até 1.170 drones.
Na sequência, a Rússia também anunciou que irá implantar uma zona-tampão em terras ucranianas que fazem fronteira com o país, o que já começou em Sumy, a província ucraniana de onde partiu a incursão contra a Kursk russa.
TRUTH SOCIAL BATE PINO
Em suma, o presidente norte-americano estava muito desinformado e, claramente, sob enorme pressão dos maníacos de guerra que pululam em Washington e fazem da russofobia uma razão de vida, postou na sua rede Truth Social que Putin “tinha enlouquecido” e estava bombardeando cidades ucranianas sem motivo, embora, no final, também sobrasse para Zelensky e o antecessor Biden. E ameaçara com “coisas muito ruins” para a Rússia.
Diante do chilique de Trump, piedosamente chamado de “desabafo emocional” pelo porta-voz do Kremlin, a Rússia no geral reagiu com muita calma nessa hora.
“É claro que o início do processo de negociação, para o qual a parte americana fez grandes esforços, é uma conquista muito importante. Somos verdadeiramente gratos aos americanos e pessoalmente ao presidente Trump por sua ajuda na organização e lançamento deste processo de negociação. Claro, este é um momento muito importante, que está ligado à sobrecarga emocional de absolutamente todos. Ao mesmo tempo, Putin toma as decisões necessárias para garantir a segurança de nosso país”, disse Peskov.
Já o ex-presidente Dmitry Medvedev, deu um safanão em Trump, dizendo que “ruim é a III Guerra Mundial”.
HERR MERZ BLEFA
O subfuhrer Friedrich Merz resolveu se meter a besta dizendo que a Alemanha, França, Inglaterra e até os EUA já tinham “liberado Zelensky” para o uso de armas de longo alcance contra território russo.
“Chamamos isso, no jargão profissional, de Fogo de Longo Alcance — ou seja, equipar a Ucrânia com armas capazes de atingir alvos militares bem na retaguarda. E esta é uma mudança qualitativa fundamental na forma como a Ucrânia trava a guerra”, atreveu-se Merz, sabedor de como a história começa agora mas muito esquecido de como acabou por duas vezes no século passado.
Acabou lembrado por Moscou de que, como o míssil alemão Taurus só pode ser mirado e disparado diretamente por pessoal alemão, qualquer ataque a solo russo com míssil Taurus tornará Berlim em um alvo.
Herr Merz passou a dizer ter sido mal compreendido e que nada mudou em relação ao Taurus.
Por sua vez, Zelensky andou anunciando sua pretensão de multiplicar de “100 para 500” os ataques com drones diários contra a Rússia e que só precisa que a Otan lhe dê mais US$ 30 bilhões. (De preferência em cash e em notas pequenas).
Agora, com a data do dia 2 em cima da mesa, fica para ser visto qual vai ser a nova provocação a que as mentes doentias imperiais (e seus lacaios) irão se lançar, esquecendo-se de que, reza a lenda em Moscou, que a nova proposta de Putin sempre é pior do que a inicial.
PARA A PAZ, HÁ QUE IR ÀS CAUSAS PROFUNDAS
A Rússia, antes de reconhecer as repúblicas do Donbass, invadidas pelas tropas do regime neonazi instalado pelo golpe da CIA em Kiev em 2014, tentou durante oito anos uma solução pacífica via os Acordos de Minsk, que restaurariam os direitos, inclusive ao uso do seu idioma, dos russos étnicos do leste da Ucrânia, terra historicamente russa. Apenas quando era iminente uma operação militar de limpeza étnica com a população russa, de parte dos neonazis, foi que a Rússia reconheceu as repúblicas populares e interveio para sua proteção.
Mas a Rússia tem como linha mestra nas negociações ir às raízes da crise no Mar Negro: a expansão da Otan para anexar a Ucrânia, apesar dos compromissos de não se mover 1 cm para leste,feitos no processo de reunificação alemã; restauração da neutralidade da Ucrânia, sem Otan, sem armas nucleares e sem bases estrangeiras; desnazificação e desmilitarização, desmontando a fortaleza instalada ali pela Otan; respeito aos direitos dos russos étnicos, de idioma e religião; e fim da destruição dos símbolos da vitória na Grande Guerra Patriótica, os honrados símbolos soviéticos.