Com o líder coreano Kim Jong Un e o presidente norte-americano Donald Trump visivelmente descontraídos, Coreia Popular e EUA iniciaram em Hanói, capital do Vietnã, a segunda cúpula em menos de um ano, que aproxima a possibilidade da paz e desnuclearização na península coreana.
Nesta quinta-feira (28), Trump e Kim terão um encontro a sós, de 45 minutos, o que será seguido por um encontro bilateral ampliado, definição de decisões e coletiva de imprensa. Kim viajou para o encontro com Trump de trem, passando pela China a caminho do Vietnã.
Diante de um fundo de bandeiras norte-americanas e norte-coreanas intercaladas, os sorridentes Kim e Trump trocaram um aperto de mão de quase dez segundos no hotel Sofitel Metrópole. Eles mantiveram um encontro privado, apenas na companhia dos respectivos tradutores, de 30 minutos.
Aos jornalistas, Trump disse ansiar por uma cúpula “muito bem sucedida”, segundo a CNN. Já Kim disse que “fomos capazes de superar todos os obstáculos e aqui estamos hoje”.
Em resposta, Trump disse que “é uma honra estar com o presidente Kim, é uma honra estarmos juntos no Vietnã”. “É ótimo estar com você, tivemos uma primeira cúpula muito bem sucedida”, acrescentou.
“Algumas pessoas queriam ver isso mais rápido, mas fiquei muito feliz com o que estamos fazendo”, afiançou Trump, que também disse que o relacionamento dele com Kim é “realmente bom”.
O líder coreano disse que seu segundo encontro com Trump deve-se a uma “decisão política corajosa” do presidente dos EUA e acrescentou que, entre a cúpula de Singapura e a de agora, foi preciso “muita reflexão, esforço e paciência”.
Kim disse esperar da cúpula de Hanói que dê “um resultado bem-vindo a todos” e considerou a conversa inicial com Trump como “muito interessante”.
Segundo a mídia dos EUA, em reunião com governadores na semana passada, Trump teria dito que não quer apressar o processo de desnuclearização e que o foco está em manter suspensos os testes nucleares e de mísseis. Fala-se também em atenuação de sanções, para permitir aprofundar o intercâmbio entre o norte e o sul da Coreia.
Nos meses que antecederam a segunda cúpula, houve vários episódios de atrito entre Pyongyang e negociadores norte-americanos, como o secretário de Estado Mike Pompeo e o conselheiro de Segurança Nacional John Bolton – este, simplesmente tentando sabotar as negociações ameaçando com uma “desnuclearização à moda líbia”.
Prontamente, a Coreia Popular esclareceu que a declaração conjunta aprovada em Singapura determinara um processo de estabelecimento de confiança mútua, concessões mútuas, passo a passo, visando a desnuclearização de toda a península coreana, e não apenas do Norte, a proclamação da paz através de uma declaração política formal que encerre a Guerra de 1950-53 de vez e a normalização de relações.
Na ONU, também houve confrontos, com Washington insistindo em manter as drásticas sanções contra a Coreia Popular, enquanto Moscou e Pequim pedindo o seu abrandamento por razões humanitárias e para facilitar o processo de negociação.
A escolha do Vietnã para sediar a segunda cúpula é emblemática, já que Washington e Hanói deixaram para trás a situação de guerra e mantém relações comerciais e diplomáticas completamente normalizadas há muitos anos.
Entre as duas cúpulas, as relações intercoreanas seguem se desenvolvendo e aprofundando.
Indagado por repórteres se será anunciado o fim da guerra da Coreia na cúpula, Trump não confirmou nem negou, respondendo que “veremos”.
Pyongyang tem reivindicado uma declaração formal do fim da guerra, que tecnicamente está apenas em estado de armistício, o que já dura desde 1953, como o passo óbvio para a normalização de relações. A mídia dos EUA também vem falando de possível abertura mútua de escritórios de representação.
Em tuitada desde Hanói, Trump postou que ele e Kim “vão tentar muito trabalhar em algo em relação à desnuclearização e então fazer da Coreia do Norte uma potência econômica”. “Eu acredito que China, Rússia, Japão e Coreia do Sul serão muito úteis!”