O ex-agente da CIA, John Kiriakou, que ficou preso por 23 meses durante o governo Obama por ter denunciado a tortura, explicou em entrevista a Amy Goodman, do programa Democracy Now, porque a indicada por Trump para chefiar a CIA, Gina Haspel, é conhecida nos círculos “especializados” como “Bloody Gina”, Gina a Sanguinária.
“Gina sempre foi muito rápida e muito disposta a usar a força. Você sabia que havia um grupo de oficiais no Centro de Contra-terrorismo da CIA, quando eu estava – quando eu estava ali, que … eu odeio mesmo fazer a acusação em voz alta, mas eu vou dizer isso: que gostou de usar a força”, assinalou.
Ele acrescentou que “todos sabiam que a tortura não funcionava”, e o problema não era esse, “muitas coisas diferentes funcionam”. “Era moral, e era ético, e era legal?”, questionou, apontando que as respostas a essas perguntas “são muito claras”.
Então Kiriakou foi ao cerne da questão: “Gina e pessoas que como Gina fizeram isso, acho, porque gostaram de fazê-lo. Torturaram apenas por causa da tortura, não por causa da coleta de informações”.
Foi Kiriakou que, em dezembro de 2007, revelou em entrevista ao ABC New e depois ao New York Times que o então presidente W. Bush estava mentindo ao dizer que os EUA não torturavam e expôs que a tortura “era a política oficial do governo dos EUA e havia sido pessoalmente aprovada pelo presidente”.
Em recente artigo no Washington Post, Kiriakou ironizou a declaração de Mike Pompeo, diretor da CIA e secretário de estado designado, sobre Bloody Gina, elogiando sua “habilidade estranha para fazer as coisas e inspirar aqueles que a rodeiam”.
O ex-agente lembrou a condição dela de protegida e chefe de gabinete de José Rodríguez, ex-vice-diretor de operações da CIA e ex-diretor do Centro de Contra-Terrorismo, que a incumbiu de destruir as evidências gravadas em vídeo da tortura de Abu Zubaidah. “Eu sabia o que estava acontecendo com Abu Zubaidah por causa da minha posição nas operações da CIA na época. Mantive minha boca fechada sobre isso, mesmo depois que eu deixei a CIA em 2004. Mas, em 2007, eu tinha tido o suficiente”.