Com baixa qualidade no ensino superior e mensalidades extorsivas, a Kroton Educacional divulgou, na sexta-feira (16), que obteve um lucro líquido de R$ 2,24 bilhões em 2017. O resultado é 12,9% maior em comparação com 2016, quando a empresa registrou lucro de R$ 1,97 bilhão. No ano passado, a Kroton obteve receita líquida de R$ 5,557 bilhões, um crescimento de 5,97% sobre o faturamento líquido de 2016, segundo balanço financeiro da instituição.
A partir de 2011, a Kroton, dona dos colégios Pitágoras, com a “assessoria” do Bank of América, desembolsou 7 bilhões de reais para adquirir faculdades pelo país afora. Em menos de dois anos, ela fez seis aquisições no Brasil que a tornaram “a maior empresa do setor de educação do mundo”, segundo o site Infomoney: Anhanguera (em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); Ceama (Centro de Ensino Atenas Maranhense); Fais (Faculdade de Sorriso no Mato Grosso); Unopar (Universidade Norte do Paraná); União Educacional Cândido Rondon e o Grupo Uniasselvi.
Controlada por fundos especulativos estrangeiros, a empresa registrou em seu site: “Em 2009, a Kroton recebeu um novo aporte financeiro de um dos maiores fundos de private equity do mundo, a Advent International [fundada em 1984, em Boston,EUA], que a partir de então compartilharia o controle da Companhia com os sócios fundadores”. Entre seus vários acionistas está o JP Morgan dos EUA.
FIES
A Kroton recebe recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), através de um elevado número de estudantes que usam o financiamento. A modalidade de financiamento estudantil foi responsável por 38,6% dos alunos que se inscreveram em cursos de graduação presencial na empresa em 2017 e 17,2% dos estudantes que ingressaram em programas de graduação à distância para o mesmo período.
O Fies, desde o tempo da ex-presidente Dilma Rousseff, tem sido uma forma de sustentar as universidades privadas, e a Kroton soube se aproveitar muito bem deste programa já que as despesas do governo com o Fies estão garantidas, porque são enquadradas como despesas financeiras e não estão limitadas pelo teto de gastos. Durante o governo do PT/PMDB, a receita líquida da Kroton saltou de R$ 734 milhões e 553 mil reais em 2011, para 5 bilhões 557 milhões e 748 mil de reais no ano passado.
Enquanto isto, as universidades públicas brasileiras estão na profunda miséria.
A Kroton encerrou o ano passado com 876,1 mil alunos matriculados em seus cursos de Ensino Superior. Deste, 383 mil em cursos presenciais e 493 em cursos de ensino à distância. Mas, a empresa tem se queixado que no ano de 2017, o número de alunos matriculados com recursos oriundos do Fies despencou em suas unidades de ensino superior.
Entre 2016 e 2017, o número caiu de 191,4 mil para 144,8 mil. Porém, a diminuição no número de financiados não fez com que o lucro do grupo desaba-se, conforme se observa no quadro “Demonstração de Resultados Consolidados” do Balanço Financeiro da Kroton.
Em 2015, nem os cortes promovidos pelo arrocho fiscal de Dilma/Levy nas bolsas do Fies, que expulsaram alguns milhares de jovens das universidades, reduziram o lucro líquido da Kroton: R$ 1,396 bilhão naquele ano, um aumento de 39,5% em comparação com o ano de 2014. Em 2016, o lucro líquido foi de R$ 1,864 bilhão, maior 33,56% em relação ao ano anterior.
Uma das explicações para este fenômeno lucrativo, mesmo com a queda no número de estudantes do Fies, é a cobrança extorsiva nas mensalidades de seus alunos bolsistas do Fies.
MENSALIDADES
No ano passado, a Kroton foi alvo de denúncia de que alunos financiados pelo Fies estavam pagando mensalidades mais altas do que os estudantes que não eram beneficiados pelo programa.
Segundo um estudante do curso de Direito da universidade Anhanguera, “a mensalidade vem subindo abusivamente e praticamente somos obrigados a aceitar os termos do contrato goela abaixo, pois, ao contrário, ficamos com o sistema completamente travado e não acessamos nada no Portal do Aluno, e o aditamento do FIES é liberado sempre em cima do prazo, pois daí não dá tempo de reclamar”, relata o universitário ao site Reclame Aqui.
O estudante explicou ainda que iniciou o curso em 2014, “com o valor bruto da semestralidade de R$ 5.809,44, e com uma bolsa oferecida na matrícula com a promessa de ser até o final do curso essa semestralidade R$ 3.659,94. No terceiro semestre após a transferência [de campus universitário], sem prévio aviso e sem oportunidade de recusa, esse valor bruto pulou de 6.285,84 no segundo semestre de 2015 para 8.315,46 no segundo semestre de 2016, e 9.388,14 no primeiro semestre de 2017, agora esse valor saltou para 10.317,54 no segundo semestre de 2017 e sem o desconto que tenho desde o início”, denunciou o estudante ao portal.
Conforme uma auditoria para apurar irregularidades nas cobranças de mensalidade dos bolsistas do Fies realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU), entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017, a CGU verificou em uma amostra de 29.789 contratos “discrepância entre os valores de mensalidades” com potencial sobrepreço de R$ 73,5 milhões para estudantes do Fies somente no primeiro ano de curso. “Dessa amostra, 27.926 alunos estão com contrato Fies com valor acima daquele ofertado pelos portais de desconto”, afirmou a CGU em relatório divulgado no início deste ano.
Ao lado de “universidades”/ fábricas de diplomas do (péssimo) nível de Estácio de Sá, Maurício de Nassau e “universidades”/ fábricas de diploma/ coisas do mesmo gênero, a Kroton vende diplomas em suaves prestações mensais. Vi que curso pela internet, custa R$49 por mês. Veja aí em cima, a notícia: “A Kroton encerrou o ano passado com 876,1 mil alunos matriculados em seus cursos de Ensino Superior. Deste, 383 mil em cursos presenciais e 493 em cursos de ensino à distância.” Ou seja, só esta “universidade”/ fábrica de diplomas chamada Kroton tem mais de 876 mil alunos matriculados. Bem, a Universidade de Harvard que tem dúzias de prêmios Nobel, tem 21 225 alunos contando graduação e pós graduação. Ver site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Harvard. Indo numa calculadora, eu dividi o número de alunos da Kroton ( 876.100), pelo número de alunos da Universidade de Harvard (21.225). Calculadora na mão, vamos fazer a conta: 876.100/21.225 = 41,276796… Arredondando, para cada aluno na Universidade de Harvard, há 41 alunos na “universidade”/ fábrica de diplomas chamada Kroton. Diante de tantos gastos e tão imensa população de alunos, aonde estão os benefícios da “universidade”/ fábrica de diplomas chamada Kroton? Chega de termos fábricas de diplomas mamando nas tetas públicas, para apenas produzir escândalos, escárnio e multidões de incompetentes, com um diploma que eles nunca usarão.