Entidade aponta os efeitos dos juros elevados e aposta no programa Minha Casa Minha Vida: os lançamentos aumentaram 26,5% no 4º trimestre de 2023 em relação ao anterior e as vendas subiram 4,2% no período
O número de novos imóveis lançados e as vendas caíram em 2023, influenciado pelos juros altos, apontou a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ao divulgar dados do mercado imobiliário, nesta segunda-feira (26).
Em 2023, o número de imóveis novos lançados no país caiu 11,5% em relação ao ano anterior. No ano passado, foram lançadas 293.013 unidades. Em 2022, foram 331.010 imóveis.
“Em 2021, a gente teve 109 mil unidades lançadas. No quarto trimestre de 2022, veio para 95 mil e, no quarto trimestre de 2023, venho para 85 mil. Então, eu acho que é o efeito dos juros e a condição do desencaixe do Minha Casa, Minha Vida. Realmente houve uma desaceleração. Quando eu falo de juro eu estou falando de Selic [taxa básica de juros da economia, que é estabelecida pelo Banco Central]. Houve realmente uma desaceleração dos lançamentos”, afirmou o presidente da CBIC, Renato Correia.
A Selic alcançou em agosto de 2022 o pico de 13,75% e se manteve durante um ano nesse patamar, até meados de 2023, elevando os juros reais ao mais alto patamar do planeta.
No ano passado, a oferta final de imóveis (estoque de unidades disponíveis para serem vendidas) ficou em 286.401, sendo um recuo de 11% ante ao ano anterior. Já a quantidade de imóveis vendidos caiu 1,4%, também em relação ao ano de 2022. Ao todo, foram vendidas 322.851 unidades. Em 2021, foram vendidas 327.554 unidades.
“A gente vem de uma taxa Selic sendo elevada desde 2021. O desemprego estava mais alto lá no início, agora está mais baixo, e a inflação estava mais alta e agora também está mais baixa. Esses três indicadores, taxa de juros, inflação e emprego, são importantíssimos para o mercado imobiliário”, completou Correia.
De acordo com a entidade, as melhorias no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que voltou a operar no ano passado, substituindo o Casa Verde e Amarela, só começaram a ser implementadas a partir da metade do ano.
“Com os avanços promovidos no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”, destaca a CBIC, “no segundo semestre, o mercado começou a responder. Os lançamentos aumentaram 26,5% no quarto trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior e as vendas subiram 4,2% no mesmo período. Cerca de 48% das unidades lançadas no quarto trimestre do ano passado foram do programa habitacional. Já as vendas do MCMV representaram 39% do total”, afirmou a entidade no “Indicadores Imobiliários Nacionais”, argumentou.
A CBIC avalia ainda que o mercado imobiliário deve ter uma 2024 melhor frente “a continuidade da queda dos juros, maior solidez do governo e da política econômica, além do andamento do programa Minha Casa, Minha Vida”.