O número de casos envolvendo candidatos laranja do PSL, partido de Jair Bolsonaro, não para de crescer em todo o país. O escândalo motivou a queda de Gustavo Bebianno, que foi o presidente nacional do PSL e coordenador da campanha bolsonarista.
Noventa e cinco pessoas já prestaram depoimento até agora. O mineiro Marcelo Álvaro Antônio, Ministro do Turismo, também está na mira do Ministério Público.
Agora, no Ceará, a candidata a deputada estadual Gislani Maia, do PSL, recebeu R$ 150 mil da direção nacional do partido em 5 de outubro, a dois dias do primeiro turno e, no mesmo dia declarou ter gasto quase R$ 143 mil em três gráficas. As notas fiscais da candidata são relativas a 4,8 milhões de santinhos, panfletos e botons, além de 20 mil adesivos para carros.
Tudo isso a dois dias da eleição. Só teve um dia para distribuir já que na véspera da eleição e no dia é proibido. O caso é tão escandaloso que o Ministério Público eleitoral está chamando o caso de ‘milagre dos santinhos’. Gislani foi a única mulher a receber dinheiro do PSL no Ceará.
Outra candidata a deputada estadual pelo PSL, Mariana Nunes, em Pernambuco, também comprou 5 milhões de santinhos e mais de 1 milhão de adesivos 48 horas antes das eleições de outubro do ano passado. Em todo o Brasil, ao menos 13 estados têm investigações sobre possíveis “candidatos-laranja”.
Maria de Lourdes Paixão, secretária administrativa do PSL em Pernambuco, por sua vez, recebeu a terceira maior verba pública do PSL no país, R$ 400 mil, e obteve 274 votos. Ela não soube dar detalhes de sua campanha.
Mariana Nunes recebeu R$ 108 mil do PSL em Pernambuco, dois dias antes da eleição, e teve 1.741 votos para deputada estadual. A gráfica responsável pelas supostas impressões do material de campanha de Mariana Nunes é a mesma que foi utilizada por Lourdes Paixão.
Em Minas, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, chefe do PSL estadual à época, e deputado federal eleito, patrocinou um esquema de quatro candidaturas laranja, todas abastecidas com verba pública do PSL. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público em Minas. Cleuzenir Barbosa, candidata em Governador Valadares, disse ter sido pressionada a integrar o esquema. Hoje ela vive em Portugal.
As quatro ‘candidatas’ mineiras receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha da legenda, ficando entre as 20 candidatas que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro, apesar de terem tido votações insignificantes. Ao final, juntas, somaram apenas cerca de 2.000 votos, apesar do montante recebido para a campanha.
Desse montante, pelo menos R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro. Não há sinais de que as candidatas tenham feito campanha efetiva durante a eleição.
Na quinta (21), o ministro do Turismo, principal beneficiário do laranjal de Minas, recorreu ao foro especial e pediu ao Supremo Tribunal Federal(STF) que a investigação sobre candidatas laranjas do PSL aberta em Minas Gerais passe a tramitar perante a corte. O ministro é alvo direto da apuração da Promotoria mineira.