Granadas que ele arremessou tinham pregos acoplados para aumentar a chance de atingir mortalmente os agentes da PF
O ex-deputado e aliado de Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson, atirou mais de 50 vezes e arremessou granadas com pregos acoplados com a intenção de matar os agentes da Polícia Federal, afirmou um perito federal.
A perícia indicou que as granadas de luz, que tiveram pregos cortados colados em sua superfície, poderiam matar os policiais caso eles fossem atingidos.
O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso à perícia sobre as tentativas de assassinatos ocorridas no dia 23 de outubro de 2022. Roberto Jefferson, que já cumpria prisão domiciliar, seria transferido para o presídio por descumprir as medidas cautelares, mas se rebelou contra os agentes da PF.
Ao todo, o aliado de Jair Bolsonaro atirou com seu fuzil mais de 50 vezes contra os policiais e arremessou três granadas. Os policiais se esconderam atrás da viatura, que foi atingida 42 vezes.
Segundo o perito federal Bruno Costa Pitanga Maia, Jefferson não quis ouvir os policiais e logo arremessou uma das granadas. Em seguida, “puxou um fuzil. Começou a disparar tiros de fuzil contra os policiais, contra a viatura principalmente, ele deu mais de 50 tiros de disparo de fuzil”.
Diversas balas atingiram o banco do carona, inclusive no encosto de cabeça. “Se tivesse um policial aqui dentro, tinha sido atingido com certeza, até porque essa viatura aqui não era blindada no teto”, apontou o perito.
Roberto Jefferson diz que atirou somente para assustar os agentes e não para matar, mas o perito Bruno Costa Pitanga Maia desmente essa afirmação.
“Isso não é verdade. Primeiro que ele deu muito tiro num veículo que tinha um policial atrás, abrigado, e segundo que dois policiais foram atingidos por tiro, por disparo”, falou.
“Na imagem de depois do tiroteio, você vê um córrego de sangue saindo embaixo do carro. Esse sangue veio do policial que estava aqui, que ele sangrou muito”, explicou.
A policial federal Karina Lino de Miranda foi atingida por dois tiros e disse ao Fantástico que foi “salva pelo cano da minha arma”, que serviu de “escudo” para uma das balas.
“Eu, correndo para me abrigar, senti um impacto muito forte, que me arremessou ao chão. Foi quando eu caí e naquele momento começou a sangrar a região da cabeça. E logo depois começou uma ardência muito grande na região do quadril”.
“Eles até imaginaram que tinha um projétil alojado, tinha um buraco aberto. Depois, vendo meu coldre, minha calça, vendo o estado que ficou minha arma, porque o cano dela foi destruído, é que a gente chega a conclusão que, na verdade, foi um tiro que atingiu a região, e milagrosamente eu fui salva pelo cano da minha arma, que serviu como um escudo pra mim”, contou.
Além de todos os tiros, o bolsonarista colocou a vida dos agentes em risco com as três granadas de efeito moral que arremessou. A perícia analisou os estilhaços e descobriu que Roberto Jefferson havia acoplado pregos quebrados nas granadas para oferecer mais riscos aos alvos.
Em um teste controlado, foi descoberto que os pregos podem atingir até 280 quilômetros por hora após a explosão. “Lançar um prego nessa velocidade, dependendo da área do corpo que ele atingir, pode causar até a morte”, disse a perita Michele Avila dos Santos.
Acusado de quatro tentativas de homicídio, Roberto Jefferson será levado a júri popular.