Laudo da Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, não é a do funcionário que citou Jair Bolsonaro em depoimento.
O condomínio Vivendas da Barra é o mesmo em que mora Jair Bolsonaro.
O laudo foi divulgado na terça-feira (11/02). Assinado por seis peritos, o texto afirma também que não foi constatada nenhuma edição no áudio da portaria e que quem deu autorização para a entrada de Queiroz no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa.
Tanto Queiroz quanto Lessa estão presos pelo assassinato de Marielle, ocorrido em 14 de março de 2018, por volta das 21h15.
O miliciano Ronnie Lessa integra o Escritório do Crime, central de assassinatos das milícias, que era chefiado pelo também ex-policial e miliciano, Adriano Nóbrega, morto no último domingo pela polícia em Esplanada, interior da Bahia. A mãe e a ex-mulher de Adriano eram funcionárias no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando este era deputado estadual.
Em outubro do ano passado, em dois depoimentos, um dos porteiros do Vivendas da Barra disse que o então deputado federal e atual presidente da República liberou a entrada de Élcio Queiroz no condomínio. No mês seguinte, em novo depoimento, ele voltou atrás.
Em depoimentos prestados nos dias 7 e 9 de outubro passado, o porteiro disse que “seu Jair” – numa referência a Bolsonaro – autorizara a entrada de Queiroz no dia da execução da vereadora, afirmando também que o ex-PM pedira para ir à casa número 58, onde vivia o então deputado federal e atual presidente.
Contudo, a perícia no áudio da portaria, iniciada em 13 de janeiro deste ano, confirmou que foi um outro funcionário que interfonou para Lessa, morador do condomínio e vizinho de Bolsonaro.
Em novembro, o funcionário do condomínio Vivendas da Barra afirmou ter lançado errado o registro de entrada de Queiroz na casa 58 na planilha de controle do condomínio.
No final de outubro, o Ministério Público do Rio afirmou que uma perícia desmentiu o porteiro e apontou que Queiroz foi para a casa 66, de Lessa.
Resta responder agora por que o funcionário citou Bolsonaro em seus depoimentos iniciais.
Somente depois que vieram à tona os depoimentos do porteiro, com um atraso inexplicável de vários meses, a polícia do Rio apreendeu em novembro (manhã de quinta-feira, dia 7) o sistema de mídia da portaria do condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde morava o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, autor dos disparos que tiraram a vida da vereadora Marielle Franco e de seu motorista.
NAMORO
Em março do ano passado, Bolsonaro disse que não conhecia o PM reformado Ronnie Lessa.
Mas durante a entrevista coletiva sobre a prisão de Ronnie Lessa, o delegado Giniton Lages, responsável pelas investigações do assassinato de Marielle e Anderson, confirmou que uma filha do assassino de Marielle namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. O filho em questão é Jair Renan, de 20 anos, que, segundo o pai, não lembrava de ter namorado a filha de Lessa.
Segundo Bolsonaro, seu filho mais novo não confirmou se namorou uma filha de Lessa. “Meu filho Jair Renan disse naquele linguajar: ‘papai, namorei todo mundo no condomínio, não lembro dessa menina”.
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