A multinacional da área da educação Laureate iniciou mais uma onda demissões nas universidades que controla no Brasil. Segundo o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Sinpro), 94 docentes da Universidade Anhembi Morumbi, 66 na FMU e 20 no grupo FIAM/FAAM já foram demitidos.
As demissões dos professores têm acontecido porque a Laureate optou por substituir disciplinas presenciais por disciplinas à distância. Este projeto do Grupo, controlado por fundos de investimento estrangeiros, tem sido chamado de “Educação Flex”.
Na próxima quinta-feira (28) acontecerá na Assembléia Legislativa de São Paulo uma audiência pública para tratar das demissões. A audiência é uma iniciativa do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) em parceria com o sindicato dos professores.
Essa conduta adotada pela Laureate não é novidade, só no ano passado ela demitiu 250 professores da FMU. Desde que chegou ao Brasil abocanhando universidades privadas, o grupo demite docentes para ampliar o ensino a distância, reduzir os custos e ampliar seus lucros.
“As reformas que o grupo Laureate tem realizado há anos na FMU, FIAM/FAAM e Anhembi Morumbi é um verdadeiro crime contra a educação. Sob a falácia da ‘modernização’ do sistema educacional, demitem professores e os substituem por aulas à distância sem qualquer preocupação com a qualidade”, criticou Guilherme Bianco, diretor de Extensão da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Ele relembrou a pratica das multinacionais que controlam as universidades privadas brasileiras. “Reduzem a carga de aulas presenciais e aumentam as mensalidades de forma extorsiva, expulsando o aluno trabalhador da sala de aula. O que esse representante do capital especulativo tem feito é um verdadeiro afronte à educação e a nossa soberania nacional”, disse.
A sanha da Laureate é tanta que no fim do ano passado até a justiça foi acionada para barrar as demissões. Este caso foi no Rio Grande do Sul, onde a 26ª Vara do Trabalho de Porto Alegre suspendeu a demissão de 127 integrantes do corpo docente do Centro Universitário UniRitter, também controlado pelo grupo.
Embora a falta de compromisso com o ensino, os estudantes e professores, seja antiga nesse tipo de instituição privada, neste ano as demissões em massa começaram a se expandir, em especial por causa da reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro. A nova lei permite que os professores sejam recontratados através de regime intermitente (em que o trabalhador recebe equivalente às horas trabalhadas no mês), sem vínculo com a instituição.
Para o SinproSP (Sindicato dos Professores no Ensino Privado de São Paulo) “essa reorganização curricular tem pouco ou quase nada a ver com critérios educacionais. Depois que a torneira do dinheiro fácil do FIES foi parcialmente fechada, essas empresas começaram a fazer cortes para preservar as altas margens de lucro”.