A Polícia Federal entrou em ação nesta quarta-feira (22), com a Operação Integração, 48.ª fase da Lava Jato. A operação investiga o pagamento de propina da concessionária Econorte, do grupo Triunfo, a agentes públicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do DER, do Paraná, e da Casa Civil do Governo tucano de Beto Richa. A concessionária teria usado os operadores financeiros Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran para fazer os repasses.
O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná, Nelson Leal Júnior, foi preso na Operação. Ele adquiriu um apartamento de R$ 2,5 milhões em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Deste montante, o dirigente pagou cerca de R$ 500 mil em espécie ‘ou com recursos cuja origem não foi identificada’. A investigação apontou ‘evidências’ de que Nelson também ‘teve as despesas do aluguel de um iate de luxo custeadas por um empresário que prestava serviços de engenharia às concessionárias de pedágio’.
O juiz federal Sérgio Moro mandou prender também o agente do DER, do Paraná, Oscar Alberto da Silva Gayer, o atual diretor-presidente da Econorte, Helio Ogama, o dirigente da empresa Rio Tibagi, Leonardo Guerra, o diretor financeiro da Triunfo Participações, Sandro Antônio de Lima, e do empresário Wellington de Melo Volpato. Todos foram capturados pela Polícia Federal.
Segundo o Ministério Público Federal, Nelson Leal Júnior adquiriu o apartamento 5 de dezembro de 2013 da Incorporadora Cechinel por R$ 2,58 milhões. Os investigadores apontam que em 23 de fevereiro de 2015, o diretor do DER-PR ‘cedeu seus direitos sobre o imóvel para a empresa Junqueira Leal Arquitetura Ltda, representada na ocasião pelo próprio Nelson Leal Júnior’.
O apartamento, afirma a Procuradoria da República, não foi declarado no imposto de renda do diretor do DER-PR entre 2013 a 2015 e nem no de sua mulher. Segundo o 1º Registro de Imóveis de Balneário Camboriú, o apartamento continua registrado em nome da Incorporadora Cechinel, numa operação clara de ocultação de patrimônio, semelhante a do ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá.
A Casa Civil do governo Beto Richa foi alvo de busca e apreensão. Carlos Nasser, funcionário com cargo em comissão da Casa Civil, que fica na sede do governo do Paraná, foi alvo de busca e apreensão. Ele é considerado homem de confiança do governador Beto Richa (PSDB). O governador, que nomeou também Nelson Leal, disse que vai instaurar processo de investigação para o esclarecimento de eventuais irregularidades apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, que envolve a concessão de rodovias federais no Paraná. A investigação será conduzida pela Controladoria Geral do Estado.
Os 55 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas seguintes cidades: Londrina, Curitiba, Jataizinho, Ibiporã e Paranavaí, no Paraná; em Balneário Camboriú, em Santa Catarina; Rio de Janeiro; e São Paulo.
Tanto os contratos quanto os aditivos relacionados ao chamado Anel de Integração foram conduzidos pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), que é o poder concedente. E todos terminaram submetidos ao crivo da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná – Agepar, que homologou seus termos. Os contratos originais do Anel de Integração foram assinados em 1997, durante o governo de Jayme Lerner.
No total foram presas seis pessoas. Nelson Leal Júnior – diretor-geral do DER-PR, Oscar Alberto Gayer da Silva – ex-funcionário do DER-PR, Wellington de Melo Volpato – sócio da Eco Sul Brasil Construtora, Helio Ogama – diretor-presidente da Triunfo Econorte, Leonardo Guerra – administrador da empresa Rio Tibagi e Sandro Antônio de Lima – funcionário da Econorte. O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões dos investigados.