A Lava Jato cumpriu, na manhã da quarta-feira (23), 25 mandados de busca e apreensão para investigar o pagamento de US$ 40 milhões (R$ 221,2 milhões pelo câmbio atual) em propinas pela multinacional Sapura para conseguir um contrato de US$ 2,7 bilhões da Petrobrás.
Os 25 mandados cumpridos pela Polícia Federal fazem parte da Operação Boeman, da 75ª fase da Operação Lava jato. Eles aconteceram no Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Não houve nenhum mandado de prisão. Estão sendo investigados os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Em Sergipe, a PF foi até a sede da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse) para ter acesso ao computador de um dos investigados, que hoje é conselheiro da empresa.
A Sapura, que é uma sociedade entre Sapura Energy (sediada na Malásia) e Seadrill, conseguiu, em 2011, no governo de Dilma Rousseff, um contrato de US$ 2,7 bilhões para fornecer três navios PLSV, que são os navios para navegar em alto mar.
Os contratos são mantidos até hoje por conta do uso em regime de fretamento.
Para isso, a Sapura procurou o lobista Maurício Carvalho para que ele conseguisse informações dentro da Petrobrás que a ajudasse a apresentar uma proposta que ganhasse a licitação.
Assim que conseguia as informações, o lobista Maurício Carvalho as passava para Eduardo Navarro Antonello, que representava o Grupo Seadrill.
Há suspeita de que outros contratos entre a Sapura e a Petrobrás também tenham acontecido dessa forma.
Os mandados foram solicitados pelo MPF (Ministério Público Federal) e autorizados pela 13ª Vara Federal de Curitiba, assinados pela juíza Gabriela Hardt.
A juíza também decretou os bloqueios de bens nas contas de Maurício Carvalho, Eduardo Navarro Antonello, e de cinco empresas vinculadas a eles no valor de R$ 20 milhões.
“Considerando a cotação do dólar atual acima de R$ 5,00, mas bastante variável em razão da pandemia do Covid 19 que afeta o mundo atualmente, reputo razoável indicar como limite de valor para bloqueio no sistema o de R$ 20 milhões, valor este ainda inferior aos apontados pelo MPF como relacionados aos ilícitos investigados”, declarou a juíza.
Segundo PF, as informações que deram origem à ação da quarta-feira (23) foram apuradas por meio de colaboração premiada de lobistas que atuavam junto a funcionários da Petrobrás e agentes políticos com influência na estatal.
Ainda de acordo com a PF, relatos e provas apresentadas por esses colaboradores indicam que teriam sido praticados crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro durante o processo bilionário de contratação pela Petrobrás do fornecimento de navios lançadores de linha (PLSV).
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os extratos bancários dos investigados mostram que os pagamentos aconteceram através de offshores, que são empresas de fachada mantidas em paraísos fiscais.
As investigações mostram que o dinheiro passado para o lobista viajou por pelo menos seis países.
Segundo a investigação, os valores repassados aos operadores financeiros circularam por diversas contas mantidas em nome de offshores.