O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, denunciou as “cínicas sanções dos Estados Unidos” contra a estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA.
Para Lavrov, o que os EUA estão fazendo é “simplesmente agirem para derrubar o governo venezuelano e ganhar lucros ao mesmo tempo”.
“Estão tentando confiscar dinheiro da Venezuela, sob disfarce de sanções”, acrescentou o ministro russo, destacando que “os Estados Unidos têm larga experiência em assuntos ilegais, a exemplo do que já fez no Iraque, Líbia, Irã, Cuba, Nicarágua e Panamá”.
Lavrov se refere a medidas tomadas nesta segunda-feira através das quais os EUA congelam US$ 7 bilhões da companhia e sua subsidiária Citgo nos Estados Unidos, além de manterem fora do alcance da PDVSA as divisas estimadas em US$ 11 bilhões a serem arrecadados ao longo dos próximos 12 meses, referentes a compra de petróleo venezuelano por parte dos EUA. Enquanto ordena o congelamento, Washington mantém a compra de petróleo venezuelano, por parte de companhias norte-americanas, livre de sanções.
A China também condenou o assalto aos cofres da PDVSA nos Estados Unidos. “Os Estados Unidos devem arcar com as sérias consequências de suas sanções contra a PDVSA”, afirmou Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
A estatal de petróleo venezuelana é responsável por mais de 90% das exportações da Venezuela que torna essa venda, de longe, a principal fonte de divisas do país que depende quase que exclusivamente de importações para abastecer produtos que possam atender as necessidades básicas de sua população.
REAÇÃO DA PDVSA
Como resposta a essas medidas, a PDVSA informou a todos os navios-tanque ancorados nos portos venezuelanos ou dirigindo-se a eles, que o petróleo da empresa só será despachado às naves que têm os EUA como destino mediante pagamento antecipado.
O conselheiro de Segurança da Casa Branca John Bolton, assim como o secretário do Tesouro Steven Mnuchin, ao anunciarem o congelamento dos ativos da PDVSA escancararam o intervencionismo nos assuntos internos venezuelanos, afirmando que a estatal “pode evitar as sanções”, desde que sua direção reconheça o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó.
Articulado com a ingerência da Casa Branca, Guaidó, agiu em paralelo e, passando por cima da direção da estatal, decidiu baixar resolução para “determinar ao Congresso que dê início ao processo de nomeação de novas diretorias para a petroleira estatal PDVSA e para a refinaria Citgo, sediada nos Estados Unidos”. Caso isso funcione, Guaidó, além de ajudar os norte-americanos na intervenção, ainda espera tirar vantagem ao meter a mão nos ativos venezuelanos que os norte-americanos acabam de sequestrar, mas prometem entregar ao autoproclamado presidente, ou ao pessoal por ele indicado.
Em outra medida, para financiar o jogo de Guaidó a favor dos interesses norte-americanos na Venezuela, foi lhe conferida certificação, na sexta-feira, que se aplica a autorização para lançar mão de certos ativos mantidos em contas pertencentes ao governo venezuelano ou ao BC da Venezuela, tanto no Fed, como em outros bancos nos EUA. “Esta certificação ajudará o governo legítimo [como se referem a Guaidó] da Venezuela a salvaguardar esses ativos em benefício do povo venezuelano”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Palladino, em comunicado.
Além disso tudo, a Inglaterra rejeitou a solicitação do governo venezuelano, desta sexta-feira, de retirar US$ 1,2 bilhão em ouro estocado no Banco da Inglaterra.
A agência Bloomberg informa que a Venezuela está há semanas tentando a retirada, havendo Calixto Ortega, presidente do Banco Central da Venezuela, viajado a Londres em meados de dezembro para acessar os ativos venezuelanos.
“As conversas foram sem sucesso, já que o governo inglês negou a entrega dos ativos em ouro para atender às pressões do secretário de Estado, Mike Pompeo, e ao conselheiro de Segurança, John Bolton”, informa a agência.