
“Sabemos que temos argumentos, uma posição clara e compreensível. Vamos expressá-la”, declarou o ministro das Relações Exteriores
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, desembarcou nesta sexta-feira (15) no Alasca vestindo um moletom exaltando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) – CCCP no alfabeto cirílico – para a reunião entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump.
“Sabemos que temos argumentos, uma posição clara e compreensível. Vamos expressá-la”, disse Lavrov em vídeo publicado no canal do Ministério.
Inicialmente os dois líderes mundiais se reunirão para uma discussão individual, seguida de um encontro entre as duas delegações e continuarão as negociações em “um café da manhã de trabalho”. Logo em seguida, está prevista uma coletiva de imprensa conjunta. Se o cronograma original for mantido, as conversações terão começo por volta das 11h (hora local do Alasca, 16h no horário de Brasília).
A reunião de alto nível acontecerá na Joint Base Elmendorf-Richardson, uma instalação militar dos EUA localizada na região norte de Anchorage, a cidade mais populosa do estado.
Sustentado pelas armas de Washington e da União Europeia, o fantoche ucraniano Volodymyr Zelensky conversou com Trump na quarta-feira (13) sobre as sugestões do presidente dos EUA de realizar “alguma troca de territórios”, que poderia envolver suplementações financeiras para obter um acordo com Putin.
Questionado sobre os objetivos da cúpula, Trump disse tratar-se de uma “reunião de sondagem”, mas voltou a perder o tom – o mesmo que disse que os Brics estavam com os dias contados – quando alertou sobre “consequências muito graves” para a Rússia, caso o país não concorde em sucumbir às suas exigências. O fanfarrão também disse que, embora Putin possa ter a reputação de intimidar outros líderes, “ele não vai mexer comigo”.
Em um pronunciamento em vídeo, Zelensky esbravejou contra a cúpula e declarou que decisões sobre a Ucrânia sem a participação do país são “decisões natimortas” e “inviáveis”. Como se não fosse totalmente financiada por Washington e pela casta europeia, o marionete disse que, “de qualquer forma, a guerra não pode ser encerrada sem nós, sem a Ucrânia”.
Ao ser questionado sobre os “25% de chances da cúpula para organizar a paz entre a Ucrânia e a Rússia fracassar”, prognosticada por Trump, Lavrov esclareceu que sua diplomacia “nunca planeja” algo assim com antecedência e que trabalha com base no diálogo e em argumentos.
A vestimenta de Lavrov relembrando a força soviética foi apontada como uma demonstração da identidade do atual governo com a reconstrução da gigantesca potência política, econômica, cultural e militar do passado. Exemplo disso, reconhecem setores da oposição e da imprensa ocidental, é a reaparição de estátuas do ex-secretário-geral da URSS, Joseph Stalin, por todo o país e a recente inauguração de um monumento do líder da vitória contra o nazismo na estação de metrô de Moscou.
Ou talvez só tenha sido que, na hora de viajar, Lavrov haja esbarrado, no guarda-roupa, com o moleton, ali, no maior jeito de me leva. E levou.
E, ainda, é possível que, com tantos ultimatos pululando nas redes sociais, inclusive com letras em caixa alta, ao ver no cabide a sigla gloriosa CCCP (URSS, no nosso alfabeto), Lavrov não se conteve, pensou com seus botões que, para bom entendedor pingo é letra, e desembarcou em Anchorage ditando a moda..