Pelo terceiro sábado consecutivo, dezenas de milhares de manifestantes voltaram às ruas de Paris e das principais cidades da França para repudiar a lei de exceção de Macron, conhecida como lei de “segurança global”, e de seu condenado artigo 24.
De acordo com os organizadores do protesto, a lei representa um golpe “à liberdade de imprensa, à liberdade de expressão e à liberdade de manifestação”, pois estabelecerá “instrumentos de vigilância em massa”. Ao proibir a filmagem de policiais violentos e ampliar a vigilância por meio de câmeras, inclusive com drones, o dispositivo se converterá em um brutal atropelo às liberdades democráticas, alertam os opositores.
Entre outros abusos, o dispositivo ameaça com 1 ano de cadeia e multa de 45.000 euros (R$ 280 mil) a vítima ou acompanhante que filmar as agressões. O absurdo é tão evidente, enfatizam, que é algo que necessita ser imediatamente retirado do parlamento, ao invés de simplesmente remendado, como propôs o governo.
Na capital, atrás de um cartaz questionando “Liberdade, Igualdade e Fraternidade para quem?”, os manifestantes exigiam mais diálogo e menos truculência. Ao mesmo tempo, elementos infiltrados no ato faziam o jogo da repressão quebrando vidraças de lojas, incendiando veículos e lançando pedras na polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e realizou 142 prisões.
COVARDE AGRESSÃO
Continuam repercutindo as imagens, divulgadas pelo site Loopsider, em que três policiais agrediram violentamente o produtor musical Michel Zecler na entrada de um estúdio em Paris no final de novembro. “Eles me chamaram várias vezes de negro de m… enquanto me agrediam”, denunciou a vítima à sede parisiense da Inspeção Geral da Polícia Nacional (IGPN). “Pessoas que devem me proteger me agridem. Não fiz nada para merecer isso. Só quero que a lei puna essas três pessoas”, ressaltou.
As imagens das câmeras de segurança mostram os policiais entrando no estúdio agarrando a vítima e, depois, agredindo-a com socos, chutes e golpes, numa cena que dura cinco minutos. Em seguida, os policiais tentam forçar a porta e lançam uma bomba de gás lacrimogêneo no interior do estúdio.
“Se não tivéssemos o vídeo, meu cliente talvez estivesse preso”, declarou a advogada de Zecler