Ricardo Lewandowski afirmou que governo federal está à disposição para auxiliar nas investigações do assassinato de Ruy Ferraz Fontes, que temia por sua vida
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou como “preocupante” o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, ocorrido na última segunda-feira em Praia Grande, no litoral paulista. Em declarações nesta terça-feira, o ministro revelou que ligou para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para prestar solidariedade e oferecer recursos do governo federal nas investigações.
“Foi um assassinato brutal e nos mostra o nível de violência que grassa aqui no Brasil”, disse Lewandowski ao chegar à comissão especial da Câmara dos Deputados que discute a PEC da Segurança Pública. “Nós nos colocamos à disposição do Estado, principalmente no que diz respeito à Polícia Científica, com DNA, balística, informações.”
O ministro destacou que o governo federal atuará como “coadjuvante” nas investigações, que estão sob responsabilidade da Polícia Civil de São Paulo. A Câmara dos Deputados realizou um minuto de silêncio em homenagem ao ex-delegado.
RUY FERRAZ TEMIA PELA VIDA
Três meses antes do crime, em entrevista ao GLOBO e à CBN, Ruy Ferraz Fontes já manifestava temor por sua segurança. “Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles”, disse o ex-delegado, referindo-se ao crime organizado. “Hoje não tenho estrutura nenhuma.”
Fontes, de 63 anos, estava aposentado da Polícia Civil e atuava como secretário de Administração de Praia Grande desde janeiro de 2023. Com uma carreira de mais de quatro décadas na Polícia Civil, foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022. Comandou unidades de elite como o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o Denarc e o DHPP. Foi pioneiro no combate ao PCC, tendo participado diretamente da investigação que levou à prisão de líderes da facção, incluindo Marcola.
O assassinato ocorreu em uma movimentada avenida de Praia Grande. Imagens de segurança mostram o momento em que seu carro é perseguido, colide com um ônibus e capota, antes de ser atingido por diversos tiros de criminosos armados com fuzis.
As investigações seguem em andamento, com a Polícia Civil analisando imagens de câmeras de segurança e coletando provas balísticas. O governo federal disponibilizou seus bancos de dados e expertise forense para auxiliar no caso.
