Novo ministro da Justiça afirmou que a criminalidade e a violência “continuam se nutrindo da exclusão social, da miséria, do desemprego, da falta de saneamento”
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, assumiu o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, na quinta-feira (1º), e afirmou que a criminalidade e a violência “continuam se nutrindo da exclusão social, da miséria, do desemprego, da falta de saneamento, de saúde, de educação, de lazer, de habitação que, infelizmente, ainda persistem no país”.
O novo ministro da Justiça destacou que é “escusado dizer que o combate à violência, para ter êxito, precisa ir além de uma permanente enérgica ação policial, demandando políticas públicas que permitam superar apartheid social que continua segregando”.
Lewandowski declarou que sua gestão terá como foco coibir as atividades de milícias e outras organizações criminosas que se infiltram no Estado.
Em discurso de posse, Lewandowski falou que sua gestão será de “continuidade” em relação à de seu sucessor, Flávio Dino, que vai assumir uma cadeira no STF.
Segundo ele, “o crime organizado começa a se infiltrar em órgãos públicos, especialmente naqueles ligados à segurança e a multiplicar empresas de fachada para branquear recursos obtidos de forma ilícita”.
“A atuação das organizações criminosas, nas quais se incluem as milícias subdivididas em múltiplas facções, ora aliadas, ora rivais, antes restritas às áreas periféricas onde o Estado se mostrava ausente e aos recônditos ambientes prisionais, hoje se desenvolve em toda parte, à luz do dia, com ousada desfaçatez e em moldes empresariais”, continuou Ricardo Lewandowski.
O presidente Lula falou no evento que o Ministério da Justiça precisa se aliar a outros órgãos, prefeituras e governos estaduais para enfrentar a “indústria do crime, a indústria de roubo do dinheiro público e de sofrimento da população mais pobre desse país”.
“O que nós queremos é construir com os governadores a parceria necessária para que a gente possa ajudar a combater um crime que eu não chamo de coisa pequena”, disse o presidente da República.
Para ele, “o crime organizado não é uma coisa de uma favela, de uma cidade, de um estado, o crime organizado é uma indústria multinacional de fazer delitos internacionais e o crime organizado está em toda atividade desse país”.
Lewandowski avalia que “é preciso superar a fragmentação federativa e estabelecer um esforço nacional conjunto para neutralizar as lideranças das organizações criminosas e confiscar os seus ativos, porque elas não podem sobreviver sem recursos para custear os seus soldados e as suas operações”.