Lewandowski rebate Castro: ‘governo do Rio não fez nenhum pedido’

Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski (Foto: MJSP - Reprodução - Via Agência Brasil)

Ministro da Justiça afirma que o governador do Rio “será engolido pelo crime” se não “assumir suas responsabilidades” e continuar recusando a ajuda do governo federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, declarou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), deve “assumir suas responsabilidades” diante da escalada de violência no estado ou reconhecer que perdeu o controle sobre a segurança pública e solicitar uma intervenção federal. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Em entrevista à imprensa, Lewandowski rebateu as declarações do governador do Rio de Janeiro e afirmou que nenhum pedido foi feito ao governo federal.

“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem, nem hoje, absolutamente nada”, afirmou o ministro, qualificando a megamatança promovida por Castro como “cruenta”.

O ministro se colocou à disposição e se solidarizou com os policiais mortos na operação. “Quero apresentar a minha solidariedade às famílias dos policiais mortos, e minha solidariedade às famílias dos inocentes que também pereceram nesta operação. Ainda me colocar à disposição das autoridades do Rio para qualquer auxílio que for necessário”.

Segundo o ministro, o governador bolsonarista poderia também pedir ao governo federal a decretação de um estado de sítio ou de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), medidas que permitem o uso das Forças Armadas para conter a crise.

Mas não o fez. Ao contrário, numa postura pusilânime, chegou, no início do dia de ontem (28) a responsabilizar o governo federal pelo maior banho de sangue da história do Rio de Janeiro, resultante do confronto das forças de segurança e o crime organizado.

Depois, em telefonema à ministra Gleisi Hoffmann, recuou, pois nunca houve qualquer solicitação de ajuda federal para reforçar a segurança pública no estado e combater o crime organizado que se alastra de forma preocupante. Além do mais, pela Constituição Federal, a segurança pública, no Rio e em outros estados, é de responsabilidade do governo estadual e não do federal.

“Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal. Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, afirmou o ministro.

OPERAÇÃO MAIS LETAL DA HISTÓRIA

A operação da polícia nos complexos da Penha e do Alemão, realizada nesta terça-feira, é a mais letal da história do Rio de Janeiro. Até o momento, foram confirmadas mais de 60 mortes, entre elas quatro policiais. Os outros 52 são suspeitos, segundo a Polícia Civil. Porém, moradores do Complexo da Penha levaram, até a manhã desta quarta-feira (29), mais de 65 corpos para a Praça São Lucas, que não estavam nas informações oficiais.

O número de mortos é muito mais do dobro do registrado na ação do Jacarezinho, em 2021, quando 28 pessoas foram mortas.

O objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV) — 30 deles oriundos de outros estados — escondidos nos dois conjuntos de favelas. Até o fim da manhã, 81 pessoas haviam sido presas e 42 fuzis apreendidos na operação, que mobilizou 2,5 mil policiais e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).

Antes da ação desta terça-feira, a operação da Polícia Civil no Jacarezinho, comunidade da Zona Norte do Rio, era considerada a mais letal da história do estado. Ao todo, foram 28 mortos. A operação ocorreu em 6 de maio de 2021.

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