“É muito importante que as pessoas vejam as imagens sem os cortes, sem a edição, porque foram feitos cortes com claro intuito de atingir o governo e o general”, afirmou o ministro
O ministro interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, disse que o levantamento do sigilo das imagens internas gravadas no Palácio do Planalto no 8 de Janeiro vai provar que o general Marco Gonçalves Dias, que pediu demissão do cargo, não foi conivente com extremistas que depredaram o prédio.
“O general Gonçalves Dias é um servidor com décadas de serviços prestados ao Estado brasileiro. Agora é muito importante que as pessoas vejam as imagens sem os cortes, sem a edição, porque foram feitos cortes com claro intuito de atingir o governo e o general”, afirmou Cappelli em entrevista ao jornal O Globo.
“Com a liberação das imagens vai ficar demonstrado que não há qualquer possibilidade de ilação com relação à conduta do general, que, inclusive, de forma muito honrosa, fez questão de se afastar das suas funções para que não houvesse dúvida sobre a lisura de sua conduta”, completou o ministro interino.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a liberação das imagens. Segundo Cappelli, os vídeos devem provar que não há fato incriminatório ao ex-ministro.
Ele disse que o GSI havia mantido o sigilo das imagens para respeitar o segredo de justiça das investigações sobre os ataques conduzida pelo STF. Segundo o ministro interino, a ordem para quebrar o sigilo foi expedida por Moraes depois de consulta feita por ele quanto à possibilidade de tornar pública a íntegra dos vídeos.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo também na sexta, Cappelli disse que recebeu ordens do presidente Lula para reformular a estrutura interna do Gabinete de Segurança Institucional. “O principal pedido do presidente foi acelerar a renovação [de integrantes do gabinete], isso vai estar em curso na semana que vem. [Isso significa] despolitizar, quer dizer, ter um corpo mais técnico, mais profissional aqui que possa tocar o trabalho”, afirmou.
E completou: “Eu acho que o fundamental é definir, organizar mais claramente as atribuições do GSI. E organizar, estruturar uma política de inteligência que possa assessorar o presidente da República. Garantir a segurança.” Cappelli foi interventor na segurança do Distrito Federal na sequência dos ataques do 8 de Janeiro. Ele também é secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Gonçalves Dias foi o 1º ministro de Lula a deixar o governo. Ele pediu demissão na tarde de 4ª feira (18.abr) depois de aparecer em imagens divulgadas pela CNN Brasil durante os atos extremistas do 8 de Janeiro. O ex-ministro prestou depoimento à PF para falar sobre o episódio. Disse que o depoimento, que durou cerca de 5 horas, era uma oportunidade de “esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa”.
“Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade, seja omissiva ou comissiva, nos fatos do dia 8 de janeiro”, afirmou em entrevista à TV Globo.
As imagens divulgadas mostram às 15h58 de 8 de janeiro de 2023 um suposto integrante do GSI, que, segundo a emissora, seria um capitão, caminhando próximo aos invasores. Em um momento, ele circula perto dos extremistas e chega a cumprimentá-los.
Já por volta das 16h29, Dias caminha sozinho e tenta abrir algumas portas. Em seguida, dirige-se ao corredor e entra no gabinete presidencial. Minutos depois, o ministro aparece no mesmo corredor, acompanhado de invasores e aparenta indicar o local para as escadas do prédio. Na sequência, integrantes do GSI aparecem e ajudam na orientação.