Liberação de conversas entre Clinton e Yeltsin indignam russos

Bebum Boris Yeltsin pediu a Bill Clinton US$ 2,5 bilhões para sua campanha eleitoral. Nessa época, Bill ainda achava ótimo interferir nas eleições alheias.

Estão causando furor na Rússia as transcrições, liberadas pela Biblioteca Presidencial Clinton no mês passado, das conversas entre o então presidente Bill e o bebum no poder em Moscou, Boris Yeltsin. Todo mundo ficou sabendo como Yeltsin pediu ao amigo Bill US$ 2,5 bilhões para a campanha eleitoral, além de apoio junto ao FMI. “Bill, para minha campanha eleitoral, preciso urgentemente de um empréstimo de US $ 2,5 bilhões para a Rússia”. Yeltsin advertiu Clinton que se os comunistas vencessem, iam tomar de volta “a Crimeia” – e outras citações inesquecíveis.

São 600 páginas de transcrição, datadas entre janeiro de 1993 e 1999. Eram os bons tempos em que a ingerência nas eleições alheias era tida como a coisa mais normal do mundo – ao contrário do que dizem hoje -, tudo em prol de levar a democracia aos russos e privatizar tudo. Clinton mandou os dólares e os assessores, a eleição foi devidamente roubada e Yeltsin continuou a afundar o grande país e a tornar seu povo miserável, enquanto 200 famílias mafiosas enriqueciam.

As transcrições também mostram como Yeltsin se rebaixa, implorando a Clinton que a Otan não se estenda até as fronteiras russas. “O que você quer alcançar com isso se a Rússia for sua parceira? Eles [o povo russo] perguntam. Eu pergunto também: por que você quer fazer isso?”, choraminga Yeltsin a Clinton. “Eu não posso fazer o compromisso específico que você está pedindo”, diz Clinton, acrescentando que isso violaria “todo o espírito da Otan”. Como consolo, diz ao bebum que ele, Clinton, sempre tentou “construir você e nunca miná-lo”.

Diante do bombardeio da Iugoslávia, Yeltsin diz a Clinton de “como foi difícil para mim tentar virar a cabeça de nosso povo, as cabeças dos políticos, em direção ao Ocidente, em direção aos Estados Unidos, mas consegui fazer, e agora tudo vai ser perdido”. Ele insta a Clinton – que trocara a continuação do mandato pelos bombardeios – a renunciar aos ataques, “em nome do nosso relacionamento” e da “paz na Europa”.

Ao que Clinton retruca que será escolha de Yeltsin “se você decidir deixar este predador [Milosevic] destruir a relação que nós trabalhamos duro durante seis anos e meio para construir”. E acrescenta sentir que Milosevic fosse sérvio, “eu gostaria que fosse irlandês ou algo assim, mas não é”.

Há também o momento em que Yeltsin comunica a Clinton que Putin será o novo dirigente da Rússia, que “é um democrata e conhece o Ocidente”, acrescentando que “é um homem sólido” e “um parceiro altamente qualificado”. Conforme a polêmica cresce, até o ex-vice-presidente, Alexander Rutskoi, reapareceu para contar como Yeltsin, durante a tentativa de agosto de 1991, que fracassou, de deter o golpe de Gorbachev contra o socialismo, vivia embriagado e querendo se refugiar na embaixada americana.

       A.P.

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