O ex-candidato a presidente nas últimas eleições venezuelanas, Reinaldo Quijada, chamou neste dia 23, uma entrevista coletiva para conclamar “todas as forças da oposição a uma unidade acima das diferenças ideológicas para que se consiga a convocação de eleições presidenciais já”
Quijada, que se candidatou a presidente para lançar a plataforma de uma oposição com conteúdo de resgate das conquistas do governo Hugo Chávez, postulou o posto pelo partido Unidade Política Popular 89 (UPP89).
Nas eleições presidenciais do ano passado, com permitidos 26 dias de campanha e abstenção de mais de 54%, usando toda a máquina governamental, incluindo a distribuição de cestas básicas nos comícios, Maduro venceu com pouco mais de 30% de apoio dos eleitores, cerca de 6 milhões de um total de 20 milhões.
No primeiro ano deste seu segundo mandato a vida dos venezuelanos vai se tornando insustentável como perto de 2 milhões já tendo emigrado em fuga de uma crise devastadora.
A UPP89, avalia que não faz sentido a participação nas eleições parlamentares antecipadas (mediante o encurtamento do mandato dos atuais deputados) porque “o que o país demanda é a saída do presidente Maduro”.
“Questionamos o governo Maduro pelo fracasso estrepitoso que arruinou o país e que se tornou uma grande desgraça para os venezuelanos. Maduro agora anuncia um processo de eleições parlamentares como uma tática de protelação e distração e na busca de dividir a oposição”, afirmou ainda Quijada, apoiador de Hugo Chávez desde o levante de 1992, contra a ditadura de Andrés Perez e que se insurgiu contra a negação dos rumos chavistas por Maduro, afastando-se do partido governamental, PSUV, para fundar o UPP89.
Destacando que as eleições presidenciais em igualdade de condições para as diversas candidaturas é a única saída para a crise, “com uma direção do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que resulte de negociações” e, neste sentido, se faz necessário “partir da unidade da oposição de forma a colocar como principalidade os interesses do país, para assim chegarmos a resultados positivos”.
No dia 21, a Aliança pelo Referendo Consultivo (ARC), integrada por vários partidos e movimentos políticos, incluindo vários ex-ministros do governo Chávez, se dirigiram ao edifício-sede da Defensoria do Povo para – sob a consigna de “Nem Fome, Nem Guerra”, lançar a campanha nacional de coleta de assinaturas para levar ao Referendo, conforme prescreve a Constituição, com a questão que se respondida com um sim, pode levar a convocação de eleições em todos os níveis, presidenciais, parlamentares e governamentais – uma relegitimação dos poderes públicos – como saída popular para a crise política, econômica e social na qual a Venezuela está mergulhada.
Gustavo Márquez, ex-ministro da Indústria e Comércio e também do Comércio Exterior, durante o governo Hugo Chávez e agora porta-voz da Plataforma pela Defesa da Constituição, que integra a ARC, destacou que “o povo é o soberano que deve por em prática as ferramentas de que dispõe para fazer avançar uma solução para a crise política do país”.
Ao fazer isso, Márquez alertou que “na situação em que vive o país, esta crise que parece não ter fim, há uma disputa pelo poder. De uma parte, o governo, Nicolás Maduro, que se aferra ao poder à margem da Constituição, e que mantém o povo em uma situação de prostração e fome; de outro lado, um segmento da oposição que controla a Assembleia Nacional que pretende resolver a crise pela via violenta, do golpe de Estado ou, o mais grave de tudo, pela via de uma intervenção estrangeira, rechaçada pelos venezuelanos”.
Márquez disse que solução pleiteada pela ARC pode chegar pela via da negociação entre o governo e a Assembleia Nacional e que o movimento de coleta de assinaturas pode ajudar, pressionando neste sentido.
Márquez finalizou enfatizando que “sabemos que estas intentonas golpistas que deixam mortos, feridos e provocam uma repressão desmedida do governo não vão conduzir a nada que não seja mais crise e mais violência e ainda uma possível catástrofe que seria uma intervenção estrangeira que, não apenas vai vitimar o povo venezuelano, mas que coloca em risco a nação, que seria invadida e fragmentada a partir de uma guerra civil”.
Para estimular a campanha de coleta de assinaturas a ARC pretende desenvolver uma série de atividades, incluindo Foros Regionais e manifestações localizadas.
NATHANIEL BRAIA