O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, pediu nesta sexta-feira (29) que o Senado apure os encontros secretos entre Jair Bolsonaro e Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República.
Os encontros entre Bolsonaro e Lindôra, no qual presidente prometeu a chefia da PGR em troca de ajuda ao governo, foi denunciada pelo site Metrópoles, na quinta-feira (28).
“Vamos pedir informações sobre essas agendas através da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado”, afirmou Randolfe.
Segundo a denúncia, desde 2020, Jair Bolsonaro manteve dois encontros sigilosos com Lindôra Araújo, a quem prometeu, em caso de reeleição, indicação para chefiar a Procuradoria-Geral da República.
Ela é o braço direito de Augusto Aras e, em 4 de abril de 2022, tornou-se vice-procuradora geral da República.
Lindôra pediu ao STF o arquivamento de sete das 10 apurações preliminares que têm como alvo Bolsonaro, ministros, ex-ministros e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, por crimes cometidos na condução da pandemia. Os crimes foram apurados pelas investigações da CPI da Pandemia, que no ano passado defendeu o indiciamento do alto escalão do governo Bolsonaro.
DEBOCHE
Randolfe reagiu após Jair Bolsonaro (PL) ter debochado do trabalho da CPI criada no Senado para investigar as omissões do governo federal na pandemia.
O senador, que foi vice-presidente da CPI da Covid, foi chamado de congressista de “fala fina” por Bolsonaro.
“Não sei qual é a obsessão do presidente com a minha voz, mas tenho algo a dizer: eu falo grosso com fascista covarde que vive fugindo da justiça”, afirmou Randolfe.
O comentário jocoso de Bolsonaro ocorreu durante uma reunião no Conselho Federal de Medicina (CFM), na quarta-feira (27).
Na ocasião, o chefe do Executivo alegou que poderia “ter acabado com a CPI da Pandemia rapidamente, cujo relator (sic) é o especialista em medicina intergalática, o Randolfe ‘fala fina’ Rodrigues”, disse.
O relatório final da CPI incriminou Bolsonaro em nove tipos penais, entre crimes comuns, de responsabilidade e contra a humanidade.
Alinhada a Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu, entretanto, pedir o arquivamento de apurações preliminares decorrentes do relatório aprovado pela comissão, no ano passado.
Segundo a PGR, devem ser encerradas as apurações sobre charlatanismo, prevaricação, emprego irregular de verbas públicas, epidemia com resultado de morte e infração de medida sanitária preventiva.
Randolfe Rodrigues classificou a conduta da PGR como “um insulto às quase 700 mil vítimas da Covid-19 no país”.