O general Villas Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro, citou Caxias para balizar o uso irresponsável da “têmpera da espada” em ações golpistas. Ele aproveitou para reforçar o lado pacificador do patrono do Exército
O general Villas Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro, divulgou recentemente um texto em suas rede sociais balizando quaisquer “intenções de agir fora dos princípios da legalidade”. A mensagem foi entendida como um recado para Jair Bolsonaro e para aqueles que, por ventura, estejam embarcando nas tramoias golpistas do Palácio do Planalto no “7 de Setembro”.
A mensagem, publicada no Twitter, cita o comandante do Exército, General Freire Gomes, em sua Ordem do Dia para o 25 de agosto, data em que se comemora a figura do Duque de Caxias e também o Dia do Soldado Brasileiro. “Aos que atribuem possíveis intenções de agir fora dos princípios da legalidade, legitimidade e estabilidade, nosso comandante disponibilizou uma didática fonte àqueles que, com boas intenções, desejam conhecer a alma do Exército”, disse Villa Bôas.
Claramente apostando na normalidade, no respeito à Constituição e na não violência, o general citou um outro trecho do comandante sobre o patrono do Exército. “Soldado Brasileiro! Se, em algum momento, verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas tentarem manchar nossa honra na vã esperança de desacreditar a grandeza de nossa nobre missão, lembrem-se de que a calúnia jamais maculou a glória de Caxias. O bravo Guerreiro demonstrou que seu coração de Pacificador era ainda maior que a formidável têmpera de sua espada invencível”, concluiu.
Desde que Jair Bolsonaro reuniu-se com embaixadores de países estrangeiros no Palácio da Alvorada para atacar o sistema eleitoral brasileiro e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sociedade brasileira levantou-se em uníssono contra qualquer tentativa de ruptura democrática. A atitude de Bolsonaro, de praticamente anunciar um golpe de Estado para o mundo, foi criticada por personalidades e instituições brasileiras e também de fora do país.
A primeira embaixada a protestar foi a dos Estados Unidos, depois foi seguida pela do Reino Unido. Logo na sequência, o próprio Departamento de Estado dos EUA emitiu nota condenando as intenções antidemocráticas de Jair Bolsonaro. O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, poucos dias depois do episódio, assinou a Carta Compromisso com a Democracia, da cúpula de Ministros da Defesa das Américas, realizada em Brasília.
Agora, o ex-comandante do Exército e líder militar, general Villas Bôas, se soma ao espírito republicano de praticamente toda a sociedade brasileira para sinalizar a quem interessar possa o não apoio, tanto dele como do comandante, a medidas que almejem usar irresponsavelmente a “têmpera da espada”. Ele fez questão de ressaltar em seu texto as qualidades de pacificador do patrono do Exército.