O senador Eduardo Gomes (PL-TO), líder do governo Bolsonaro no Congresso, destinou R$ 40 milhões para obras em que foram contratadas empreiteiras de “laranjas” do empresário Eduardo José Barros Costa, que já foi preso pela Polícia Federal por um esquema de corrupção milionário.
As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Apesar de ter sido eleito pelo Estado de Tocantins, o senador Eduardo Gomes, que foi líder do governo Bolsonaro no Congresso, enviou R$ 30 milhões para o Maranhão, o que não é comum entre parlamentares.
Essa verba, enviada por Gomes através do Ministério do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro, serviu para obras de asfaltamento, contratadas pela Codevasf, estatal que foi entregue por Bolsonaro a aliados de partidos corruptos. Todos os contratos foram firmados durante o governo Bolsonaro.
Dos R$ 30 milhões, R$ 5 milhões foram para a empreiteira Tempstar Construções e Serviço, cujo dono é, segundo a Polícia Federal, um “laranja” de Eduardo José Barros Costa. No papel, a empresa é administrada por Alexjan Pereira Lima.
Essa movimentação contou com auxílio do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA), investigado por desvio de verbas parlamentares.
As obras de asfaltamento foram realizadas no município de Zé Doca (MA), que tem como prefeita Maria Josenilda Cunha Rodrigues, irmã de Josimar Maranhãozinho.
Alexjan Lima, sócio-administrador da Tempstar, e Eduardo Barros foram alvo de operações da Polícia Federal que investigavam o desvio de dinheiro público em contratos da Codevasf no Maranhão. Foram apreendidos R$ 1,3 milhão, itens de luxo e relógios importados.
O senador Eduardo Gomes também destinou R$ 10 milhões para obras em Tocantins, para as quais foi contratada a Construservice.
A Construservice é uma empreiteira, cujo “sócio oculto” também é Eduardo José Barros Costa. Durante o governo Bolsonaro, a empresa se tornou a segunda mais contratada pela Codevasf.
A empreiteira tem contratos de pelo menos R$ 200 mil com a locadora de carros BG Rental, que também presta serviços para o senador Eduardo Gomes, tanto para o gabinete quanto em campanha eleitoral.
A Folha de S.Paulo revelou que o dono da BG Rental, Breno Godinho, foi sócio de Lizoel Bezerra, ex-assessor do senador Eduardo Gomes. Até, pelo menos, 2021, Bezerra aparece como “credenciado” no Senado pelo gabinete de Gomes.
A Construservice passou a ser contratada pela estatal em 2019, depois que Bolsonaro assumiu a Presidência, e usou empresas laranjas para fraudar licitações.
Os “sócios ocultos” da Construservice inscreviam outras empresas, que controlavam através de “laranjas”, em processos licitatórios da Codevasf, mas era sempre a Construservice a vencedora. Assim, a licitação parecia lícita.
A PF está investigando um “engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados”.
“São constituídas pessoas jurídicas de fachada, pertencentes formalmente a pessoas interpostas, e faticamente ao líder dessa associação criminosa, para competir entre si, com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf”, explicou a PF.
A Construservice se beneficiou do dinheiro do orçamento secreto, que foi inflado por Jair Bolsonaro para comprar apoio no Congresso Nacional. Desde 2019, quando foi contratada pela Codevasf pela primeira vez, a empreiteira já firmou contratos de R$ 140 milhões.