O líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), recebia propinas de até 2% sobre os contratos que arranjava para empreiteiras, afirmou o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, em delação premiada.
Entre 2008 e 2014, período em que foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e ministro da Integração Nacional de Dilma Rousseff (PT), Fernando Bezerra recebeu propinas para facilitar contratos e liberar mais recursos para obras.
As investigações sobre Bezerra já apontavam para o recebimento de propina pela obra da transposição do Rio São Francisco, que o senador chefiou durante o governo petista. No último dia 19, a Polícia Federal, com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, fez uma operação de busca e apreensão no gabinete de Bezerra.
O ministro, que é relator do caso, afirmou que há “elementos de prova que indicaram o recebimento, ao menos entre 2012 e 2014, de vantagens indevidas pelos investigados, pagas por empreiteiras, em razão das funções públicas por eles exercidas”.
A delação de Léo Pinheiro, que foi homologada pelo ministro Edson Fachin no início de setembro, demonstra que o líder do governo já recebia propina antes mesmo de ser escolhido por Dilma para ser ministro.
O ex-presidente da OAS disse que em 2008 participou de uma reunião com Bezerra, que era secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, para conhecer seu operador financeiro, André Gustavo Vieira. Depois da reunião, passaram a organizar um esquema de favorecimento das empreiteiras em obras no estado e pagamento de propinas.
Nesse período, a OAS tocou em Pernambuco obras como as do Porto de Suape, a construção de um píer petroleiro e duplicação de rodovias. De acordo com o ex-presidente da empreiteira, Fernando Bezerra ficava com 2% do valor total da obra como propina, que eram repassadas através de André Gustavo Vieira.
Enquanto ministro, cargo que assumiu em 2011, Bezerra recebeu propinas pelas obras do Canal do Sertão e da Transposição do Rio São Francisco.
O ministro Luis Barroso, em seu despacho para a operação realizada pela PF, afirma que as propinas para Bezerra não eram pagas apenas pela OAS, mas também por outras empreiteiras.
“Os colaboradores narraram, em síntese, que participaram do pagamento sistemático de vantagens indevidas ao senador Fernando Bezerra de Souza Coelho e a seu filho, o deputado Fernando Bezerra de Souza Coelho Filho, por determinação das empresas OAS, Barbosa Mello SA, SA Paulista e Constremac”.