
O líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que mantém R$ 420 mil em espécie guardados em casa e disse que é por “conveniência” e “engenharia tributária”. Ele já foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por lavagem de dinheiro.
Em entrevista ao UOL, o deputado disse que não há nada de errado em manter dinheiro vivo guardado em casa, mas não respondeu sobre os riscos e a suspeitas que surgem com isso.
“É absolutamente legal, nunca será contestado. Na minha contabilidade pessoal me convém fazer esse tipo de declaração. Você pega o dinheiro, vai lá, compra alguma coisa na loja e paga em dinheiro”, falou Ricardo Barros.
Barros se estressou com as perguntas feitas pelo jornalista Josias de Souza e o acusou de ser parcial. “Você estava chamando o presidente [Bolsonaro] de Cinderela. Você só falou do Bolsonaro. Vocês são parciais”, falou.
O jornalista continuou: “nós vivemos em um mundo violento. Você vai sair para comprar um imóvel com uma mala de dinheiro? O senhor diz ‘é conveniente e é legal’, mas é ilógico manter dinheiro em casa”.
A declaração de Barros ao TSE ainda mostra que ele enriqueceu R$ 3 milhões desde 2018.
Atualmente, o patrimônio de Ricardo Barros é de R$ 8,7 milhões. Em 2014 e 2018, Barros não declarou nada em dinheiro vivo.
O líder do governo Bolsonaro já foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por ter recebido e lavado R$ 5,1 milhões quando era secretário da Indústria do Paraná.
Uma reportagem do UOL revelou que Jair Bolsonaro e seus familiares também gostam de guardar e usar dinheiro vivo.
Desde a década de 1990, eles compraram 51 imóveis usando dinheiro vivo, somando mais de R$ 13 milhões. O valor corrigido seria de R$ 26 milhões.
Segundo especialistas, não é crime comprar e nem guardar dinheiro vivo em casa, contudo, criminosos costumam guardar altas somas em espécie para esconder a origem ilícita dos recursos.
Bolsonaro e filhos acumulam denúncias de praticarem “rachadinha” em seus gabinetes parlamentares. “Rachadinha” é o apelido do peculato praticado pelo desvio de dinheiro público, através de apropriação dos salários de assessores parlamentares, que podem ser fantasmas ou mesmo que prestem serviços.