Deputado Isnaldo Bulhões (AL) detalhou que a sigla vai buscar consenso sobre o nome. Atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que tem candidato para sucedê-lo, veta apoio ao MDB
A sucessão do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), está a pleno vapor, a 1 ano ano da eleição, que vai correr em fevereiro de 2025.
E o MDB, por meio do líder na Casa, deputado Isnaldo Bulhões (AL), anunciou que o partido terá candidato à Presidência da Mesa Diretoria da Casa, em 2025.
“Sem dúvida nenhuma, o MDB vai trabalhar para ter candidato, vai colocar nome e estará na mesa para discutir com os demais partidos. O resultado sairá de uma ampla discussão”, disse Bulhões, em entrevista à CNN.
O MDB, normalmente, lança o nome de seus líderes. Bulhões seria o candidato pelo partido na Câmara, mas para isso, ainda precisa negociar com os outros partidos do bloco do qual faz parte: PSD e Republicanos, que também têm nomes para lançar na disputa.
NOME DE CONSENSO NO PARTIDO
O líder detalhou que a sigla vai buscar o consenso sobre o nome. “Entendo que dentro da racionalidade, esse é o caminho prioritário, a unidade dos partidos. Uma coisa que será discutida à exaustão. É um caminho muito possível”, disse.
A última vez que o partido, que é da base do governo, ocupou a presidência da Câmara foi com Eduardo Cunha, condenado a 15 anos e 4 meses por corrupção e conduziu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Até o ano passado estava filiado ao PTB de Roberto Jefferson, atualmente está sem partido.
O atual presidente da Casa, Arthur Lira, já assumiu a preferência pelo aliado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para sucedê-lo em 2025.
JOGO
A sucessão passa por Lira e o Planalto, mesmo sem esse se manifestar abertamente sobre a sucessão. Isto porque o governo não quer ficar emparedado sob novo presidente da Casa, que seja hostil à pauta do Executivo.
Desse modo, a batalha sucessória vai ser dura e pesada. E começa com o veto de Lira a qualquer nome que não seja o que ele defende. É o caso do líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões.
Mas há outros na linha sucessória: Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA).
VETO
Em conversas reservadas, o presidente da Câmara tem dito que ainda busca o perfil ideal e que o critério básico é que não seja “subserviente ao governo” e tampouco encampe as chamadas “pautas-bombas”. “Pauta-bomba” geralmente é aquele projeto que beneficia os trabalhadores e a população e é do desagrado dos financistas.
Ele afirma, ainda, que não vai escolher com base na amizade. Mas Elmar Nascimento é hoje o parlamentar mais próximo e amigo de Lira.
VETO EXPLÍCITO
Em meio a cenário de incertezas, ao menos o deputado Isnaldo Bulhões já foi limado da lista de opções. Por 3 motivos: o primeiro é que ele também é de Alagoas, o que poderia gerar crise de representatividade com parlamentares de outros Estados, no entendimento de Lira.
O segundo é que Bulhões é um fiel aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), de quem Lira é um notório adversário. Desde o início do governo Lula, a dupla alagoana tem protagonizado série de embates que chegaram a respingar no governo. No horizonte, a CPI da Braskem será palco de mais uma disputa local que recai sobre o Congresso.
E terceiro, sendo aliado de Renan, é da base do governo.
Assim, diante desse quadro, Lira não defenderia nome ligado a Renan, que sairia fortalecido, ao ter aliado de primeira hora no comando da Câmara. E ainda por cima, da base do governo.
APOIO DE LULA
Lira “não quer nada”, como diz o ditado popular. Ele quer só o apoio de Lula. Desse modo, Lira decidiu levar a sucessão no comando da Câmara ao presidente da República. O deputado quer, desde já, o apoio do governo e do PT para o nome que será indicado por ele.
A intenção do chefe da Câmara chegou ao Palácio do Planalto e, na última sexta-feira (9), Lira e Lula tiveram reunião no Palácio da Alvorada.
Essa tentativa de obter o apoio de Lula parece ser contradição do atual presidente da Câmara, pois ele certamente não vai gostar se Lula e o PT tiverem outro nome na cabeça. A sucessão na Mesa Diretora da Casa vai ser um duro jogo de xadrez.
Quem sair vitorioso desse jogo dará o tom político dos próximos 2 anos que antecedem a sucessão presidencial, em 2026.
M. V.