Kim Yo Jong entregou e reiterou o convite por carta ao presidente do Sul
O líder da Coreia Popular Kim Jong Un convidou neste sábado (10) o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, para uma reunião em Pyongyang “na data mais cedo possível”, anunciou o porta-voz da presidência do sul, Kim Eui-kyeom, após almoço na Casa Azul (a sede do governo do sul) oferecido por Moon à delegação oficial do norte, em visita a Seul por motivo da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang.
O convite, por carta, foi entregue pessoalmente e reiterado pela irmã do dirigente do norte e membro do bureau político do Partido do Trabalho, Kim Yo Jong, acompanhada pelo presidente da Assembleia Nacional Popular Suprema do norte, Kim Yong Nam.
Ainda conforme o porta-voz – como citado pela agência Reuters – “Moon praticamente aceitou”, e na carta Kim Jong Un manifestou seu “desejo de melhorar as relações intercoreanas”. Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, a resposta de Moon foi “vamos fazer isso acontecer, criando as condições necessárias”.
Na campanha que o elegeu presidente, Moon se comprometeu com uma política de busca de reconciliação na península coreana e saída diplomática para o atual impasse. Como chefe de gabinete do então presidente do sul Roh Moo-hyun, ele ajudou a organizar a reunião intercoreana de 2007. Os dois últimos governos do sul, além de corruptos, praticavam abertamente uma política pró-ianque e antirreconciliação.
O BRADO DE 35 MIL NO ESTÁDIO: “COREIA É UMA SÓ!”
Continua repercutindo intensamente o histórico aperto de mão entre Moon e Kim Yo Jong na abertura dos Jogos Olímpicos e a ovação de pé com o Estado Olímpico tomado pela emoção pela entrada da delegação intercoreana, marchando sob a bandeira da reunificação, o brado de “Coreia é uma só” de 35 mil pessoas que enfrentaram uma temperatura de -10ºC para estarem presentes, e a apresentação da canção tradicional “Arirang”, considerada o hino não oficial da reunific ação.
A reconciliação nacional foi convocada no discurso de Ano Novo do líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, que chamou todos os coreanos, no norte, no sul e no exterior a avançarem, sob o lema “entre nós coreanos”, e abriu caminho para a retomada de negociações, a delegação intercoreana, a trégua olímpica em meio a tantas ameaças e o isolamento dos maníacos de guerra imperiais.
Na estreia do time intercoreano de hóquei no gelo feminino no sábado, em Gangneung, lá estavam torcendo, irmanados, o presidente Moon e Kim Yo Jong. Com o time intercoreano tendo menos de duas semanas para treinar e se entrosar, o que menos importou foi o resultado (8×0 a favor da Suiça), mas estar fazendo história pela reunificação da milenar nação mantida artificialmente dividida há mais de 70 anos pela ocupação dos EUA, cujo atual presidente, Trump, diz que “o botão nuclear dele é maior”.
Com o vice norte-americano Mike Pence no país, mais os 28.000 marines e dezenas de bases, mais dois porta-aviões ao largo, o presidente Moon achou de bom tom pedir ao norte uma “retomada do diálogo com os EUA”, para facilitar o “desenvolvimento do relacionamento sul-norte-coreano”. Durante os Jogos Olímpicos, Pence prometeu mais sanções e fez provocações.
Conforme a agência Yonhap, o presidente sul-coreano rechaçou no sábado pressão do primeiro-ministro japonês Abe Shinzo, expressada em reunião bilateral, em que este o instou a rapidamente retomar os exercícios militares conjuntos com os EUA, que não seria o momento certo para adiar manobras militares, com Moon respondendo que isso era uma “violação da soberania” do sul e “ingerência nos assuntos internos.
ANTONIO PIMENTA