
Lideranças do movimento social se reuniram, no final da tarde desta quarta-feira (1), na Câmara Municipal de São Paulo, para debater a mobilização contra a carestia. A alta no custo de vida tem sido um tema cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros, que sofrem com o aumento dos preços dos alimentos, dos combustíveis e com a redução de renda provocada pela inflação e o desemprego.
O encontro foi parte de uma série de ações de entidades e lideranças comunitárias, sindicais, feministas, de negritude e estudantis que se organizam na campanha “Abaixo a carestia que a panela está vazia”, e contou com a presença do vereador Eduardo Suplicy (PT) e da ex-vereadora Tereza Lajolo.
O movimento exige o tabelamento dos preços dos produtos de primeira necessidade como gás, feijão, arroz, óleo, pão, leite, a preços de 2020, para combater o encarecimento do custo de vida das famílias.
Para Lídia Correia, ex-vereadora e uma das coordenadoras da campanha, “não podemos tratar como natural que no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, as pessoas estejam passando fome. A situação está verdadeiramente insuportável. As famílias não conseguem garantir o mínimo da subsistência. Por isso, a campanha contra a carestia cresce cada vez mais, à medida que aumentam os preços dos produtos essenciais”, disse.

“Esta tragédia toda é fruto da política de preços do governo que só pensa na exportação dos produtos. E, no caso dos combustíveis, mantém uma política atrelada ao dólar para beneficiar e atender os grandes produtores. Mantém o petróleo e tantos outros produtos nas mãos da especulação internacional, enquanto o povo brasileiro que planta, que colhe, que cria, que produz no país não tem acesso ao mínimo”, completou Lídia.
SALÁRIO E INFLAÇÃO
“O salário não dá conta do padrão mínimo de consumo. Há a corrosão dos salários por causa de uma inflação galopante, do descontrole total dos preços dos combustíveis, da energia, dos gêneros alimentícios de primeira necessidade, da cesta básica, que empobrece os trabalhadores mês a mês”, explica Antônio Pedro de Sousa, o Tonhão, também coordenador da campanha contra a carestia, que tem o apoio de parlamentares como os deputados federais Orlando Silva (PCdoB), Alexandre Padilha (PT) e da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB).
“Quanto mais entidades e movimentos nessa campanha, mais teremos condições de derrotar a carestia. Por isso temos organizado nossas atividades nas bases – nos locais de trabalho, nos bairros. Temos tido adesões não só do movimento social organizado, mas também de entidades religiosas como igrejas católicas, evangélicas e das religiões de matriz africana. Sabemos da importância de ter esses grupos compondo a campanha, assim como foi na luta contra a carestia da década de 1970”, disse Karina Sampaio, diretora da Federação de Mulheres Paulistas (FMP).
“Nós queremos aproximar todos para derrotar a carestia, mesmo aqueles que nutrem alguma ilusão com o atual governo, não para 2023, mas para agora. A denúncia da política econômica que provoca essa situação no país pode ser um elemento de coesão para a derrota de Bolsonaro nas eleições que se aproximam”, completou Karina.

No último domingo (29), a Associação Mulheres Unidas Venceremos, presidida por Romilda Almeida Correia, junto com a FMP, realizou encontro com associadas e familiares para discutir a mobilização contra os preços abusivos. O encontro contou com a presença do presidente do Sindicato dos Padeiros, Chiquinho Pereira.
Também no dia 29, na Cidade Tiradentes, o ato contou com a presença do dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Rene Vicente.