Os líderes de diversos partidos repudiaram a convocação feita por Jair Bolsonaro para uma manifestação golpista contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Através de seu Whatsapp pessoal, Bolsonaro divulgou um vídeo da sua milícia digital com a convocação para as manifestações marcadas para o dia 15 de março.
“Vejo um ataque às instituições e um descumprimento de compromisso constitucional”, avaliou o líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim (SP).
O líder do PTB, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), afirmou que “o Brasil precisa de equilíbrios institucionais, de poderes harmônicos, independentes e respeitando-se para poder crescer. Isto é democracia!”.
O deputado Efraim Filho (PB), líder do DEM, acredita que “a Constituição já dá a solução em seus princípios: ‘poderes independentes sim, porém harmônicos”.
Tadeu Alencar (PE), líder do PSB, disse que “o presidente brinca com fogo; nós democratas não devemos permiti-lo, sob pena de grave omissão histórica”.
O líder do PDT, André Figueiredo (CE), advertiu que os bolsonaristas “querem incitar a população a esfacelar ainda mais o Estado brasileiro. Mas não temos medo de milicianos e fascistas que usam o povo para galgar novo golpe”.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição, rechaçou as ameaças de Bolsonaro. “Basta! O próprio presidente convoca ato contra a democracia? Como Bolsonaro não consegue oferecer uma vida melhor ao povo, procura culpados: o Congresso, o Judiciário, a imprensa. As forças democráticas vão agir. Vamos nos unir para impedir outra ditadura!”.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da minoria, “a palavra de ordem agora precisa ser Brasil unido contra o fascismo. Oposição, centro, forças políticas independentes, instituições diversas, sociedade organizada ou não. Todos que apoiam a democracia e a Constituição”.
O líder do MDB, Baleia Rossi (SP), apoiou e considerou “correta a avaliação do presidente da Câmara”, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia condenou a convocação de Bolsonaro para a manifestação dizendo que: “Criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir”.
Em seu twitter, Rossi ainda transcreveu trecho da Constituição que diz: “Artigo 2º da Constituição Federal: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário””.
Para a líder do Psol, Fernando Melchiona (RS), “a situação é gravíssima”. “Bolsonaro tem estimulado manifestações contra a democracia”, enfatizou.
O líder e presidente nacional do Avante, Luis Tibé, também apoiou a fala de Rodrigo Maia em repúdio aos ataques bolsonaristas contra o Congresso.
O líder do PT, deputado Ênio Verri (PR), afirmou que “toda a sociedade está sendo agredida e deve se levantar contra mais esse atentado cometido por Bolsonaro, que não tem qualificação para o cargo”.
Segundo reportagem da colunista Vera Magalhães, Bolsonaro compartilhou de seu celular um vídeo convocando para uma manifestação do dia 15 de março, cujo objetivo é emparedar o Congresso e o STF. O ex-deputado Alberto Fraga, amigo do presidente, confirmou que Bolsonaro enviou o vídeo convocando o ato.
Na manhã de terça-feira (18), Augusto Heleno, enquanto esperava Jair Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira, em frente ao Palácio da Alvorada, em conversa com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), foi flagrado em áudio dizendo aos colegas: “Nós não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. Foda-se”.
Depois, ele usou as redes sociais para insistir nos ataques aos parlamentares, dizendo que deputados e senadores prejudicam “a atuação do Executivo” e isso “contraria os preceitos de um regime presidencialista”. “Se quiserem parlamentarismo que mudem a Constituição”, continuou Heleno.
Ao desacato de Augusto Heleno contra o Congresso seguiu-se a convocação bolsonarista da manifestação, com a produção do vídeo que Bolsonaro disparou do seu WhatsApp.