
Realizada em Bagdá, 34ª Cúpula da Liga Árabe reiterou que é hora de Israel pôr fim à matança indiscriminada da população dos territórios ocupados e respeitar a resolução das Nações Unidas sobre a criação da Palestina
Ocorrida neste sábado, em Bagdá, a Cúpula Árabe denunciou o genocídio praticado pelos israelenses na Faixa de Gaza, defendeu o reconhecimento do Estado da Palestina e exigiu “um cessar-fogo imediato em Gaza”. O encontro das lideranças árabes ocorre em meio à intensificação dos ataques sionistas à população massacrada.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, desde 7 de outubro de 2023, 53.272 pessoas foram assassinadas e outras 120.673 ficaram feridas. Após o rompimento do cessar-fogo por Israel, em 18 de março, mais 3.131 mortes foram registradas.
O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, condenou as ações israelenses como “campanha sistemática de destruição” e acusou o governo Netanyahu de usar “a fome e a privação como armas”. “Não haverá paz real sem um Estado da Palestina”, alertou.
O presidente palestino Mahmoud Abbas condenou a matança indiscriminada praticada pelos israelenses em Gaza, acusando os sionistas de estarem executando seu projeto colonial. Em prol de um comando unificado sob a direção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Abbas defendeu “um Estado, uma lei, uma arma legítima” para garantir a soberania contra o invasor.
Para o premiê libanês Nawaf Salam, é totalmente inconcebível o deslocamento forçado com a proposta dos EUA e Israel de produção de uma nova leva de refugiados palestinos, o que torna injustificável também a permanência de tropas da ocupação e extermínio israelenses do sul do Líbano.
“ESTADO DA PALESTINA INDEPENDENTE E SOBERANO”
Na avaliação do primeiro-ministro da Jordânia, Jaafar Hassan, a crise desencadeada por Israel em Gaza é uma “catástrofe prolongada”. “O futuro da região, sua segurança e estabilidade são baseados em uma solução justa e abrangente para a questão palestina, uma paz que restaure todos os direitos do povo palestino, e principalmente o estabelecimento de um Estado palestino independente e soberano em território nacional palestino, para viver em segurança e paz ao lado de Israel, com base na solução de dois Estados”, frisou.
O chanceler sírio Asaad al-Shibani condenou as sanções contra o país e alertou para as “ameaças reais” de Israel, enquanto os ministros da Tunísia e da Argélia defenderam a união árabe em torno da causa palestina, sublinhada de “dever histórico”.
Presente ao evento, o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, elevou o tom contra os planos de Israel de expandir as operações militares de Gaza para a Cisjordânia e alertou que é hora de acabar com o bloqueio que impede a passagem de ajuda humanitária aos territórios palestinos. “Estou alarmado com os relatos de que Israel pretende expandir o escopo de suas operações terrestres e além”, ressaltou.
Além de anunciar “ataques intensivos” como parte da sua “campanha de expansão”, Israel está impedindo há mais de dois meses a entrada em Gaza de alimentos, medicamentos e combustíveis, colocando em risco a vida de mais de 300 mil crianças, que podem sucumbir frente ao agravamento da inanição.
Para Guterres, a anexação do território palestino por Israel viola o direito internacional, assim como são completamente ilegais os assentamentos implantados em terras palestinas. A saída, explicitou, é uma solução política de criação de um Estado Palestino vivendo lado a lado e pacificamente com o Estado de Israel e que tenha a cidade de Jerusalém como capital de ambos.
Guterres excluiu qualquer participação da ONU de processos que violam o direito internacional e reiterou o apoio ao trabalho da Agência de Assistência a Refugiados Palestinos (Unrwa) que foi proibida pelo governo israelense de operar no país e impedida de fornecer serviços de ajuda e educação a milhões de palestinos, tanto na Cisjordânia ocupada quanto em Gaza.
Em seu pronunciamento na cúpula, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez somou-se aos que “exigem o fim imediato da catástrofe humanitária em Gaza”. “A Faixa está sangrando diante de nossos olhos e isso não pode ser ignorado. O número de mortos é assustador. Precisamos alcançar o reconhecimento dos Estados palestino e israelense”, defendeu.