
Vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu a libertação do facínora e disse que tornozeleira já seria o suficiente. Ele prometeu pendurar ministros de cabeça para baixo
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, a mesma que vem participando de reuniões secretas com Jair Bolsonaro, pediu neste domingo (31) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspenda a prisão temporária do terrorista Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, que ameaçou de morte ministros da Corte e políticos de esquerda e adote medidas restritivas como uso de tornozeleira eletrônica.
O terrorista usou as redes sociais para dizer que está disposto a matar. “Eu vou dar um recado para a esquerda brasileira, principalmente pro Lula: o desgraçado põe o pé na rua, que nós vamos te mostrar o que nós vamos fazer com você, seu vagabundo do caralho, picareta, filho da puta. Anda com segurança até o talo, que nós da direita vamos começar a caçar você, essa Gleisi Hoffmann, esse Freixo frouxo do caralho”, afirmou o assassino em potencial.
Mesmo diante da gravidade dessas ameaças, que levaram a Polícia Federal a pedir a prisão preventiva do elemento, a protetora e acobertadora de Bolsonaro, saiu e sua defesa. “Ivan Rejane aparentemente age com a finalidade de angariar alta visibilidade com os seus vídeos, o que, atualmente no mundo digital, implica também uma forma de obter renda e de promoção pessoal, com eventual propósito de eventuais candidaturas a cargos públicos”, disse a vice-procuradora.

“Os elementos de informação até então coletados não indicam nenhuma conduta concreta do investigado de efetivamente arregimentar pessoas e organizar algum evento criminoso, com data certa e local determinado, que coloque em risco a integridade das pessoas ameaçadas”, prosseguiu ela, claramente estimulando a violência política, já que o terrorista aconselha Lula e outros políticos da oposição a reforçarem sua segurança porque “vamos caçar vocês.”
E não foi só a oposição que o terrorista ameaçou. Ele disse que vai pendurar ministros do STF de cabeça para baixo. “Se eu fosse você, Barroso, Fux, Fachin, Moraes, Lewandowski, Mendes, eu ficava nos Estados Unidos, em Portugal, na Europa, na puta que te pariu. Até vocês duas, vadias, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Sumam do Brasil. Nós vamos pendurar vocês de cabeça pra baixo. Vocês são vendidos. Essa agenda mundial gay, escrota, de ideologia de gênero, não vai ser aplicada no Brasil. Nós brasileiros, cidadãos de bem, não toleramos gente escrota como vocês”, disse o facínora.
Recentemente Lindôra Araújo arquivou as denúncias feitas pela CPI da Pandemia contra os crimes cometidos por Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo durante a tragédia que matou mais de 750 mil brasileiros. Lindôra pediu ao STF o arquivamento de sete das 10 apurações preliminares que têm como alvo Bolsonaro, ministros, ex-ministros e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, por crimes cometidos na condução da pandemia. Os crimes foram apurados pelas investigações da CPI da Pandemia, que no ano passado defendeu o indiciamento do alto escalão do governo Bolsonaro.
Ela considerou que o charlatanismo de Bolsonaro, de receitar cloroquina, medicação sabidamente ineficaz contra a doença, foi algo compreensível. A sabotagem às vacinas por parte do presidente, além do desrespeito às normas sanitárias, segundo ela, não interferiram na mortalidade. Ou seja, ela adotou o discurso do negacionismo oficial que tantos males causou ao país, colocando o Brasil na vice liderança mundial em número absoluto de mortes. Agora, veio à público que a vice-procuradora manteve vários encontros secretos com Jair Bolsonaro.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, pediu nesta sexta-feira (29) que o Senado apure os encontros secretos entre Jair Bolsonaro e Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República. Os encontros entre Bolsonaro e Lindôra, no qual presidente prometeu a chefia da PGR em troca de ajuda ao governo, foi denunciada pelo site Metrópoles, na quinta-feira (28).
“Vamos pedir informações sobre essas agendas através da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado”, afirmou Randolfe. Segundo a denúncia, desde 2020, Jair Bolsonaro manteve dois encontros sigilosos com Lindôra Araújo, a quem prometeu, em caso de reeleição, indicação para chefiar a Procuradoria-Geral da República.