O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que vai utilizar o Conselho de Ética para reestabelecer as “boas práticas” na Casa, evitando ameaças, xingamentos e informações falsas.
Em reunião de líderes nesta terça-feira (14), Lira vai advertir que haverá punição a quem promover mentiras ou estimular ações golpistas, como os que culminaram na vandalização do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto.
Ele tem sustentado que a disseminação de mentiras e discursos de ódio vão custar caro aos parlamentares que não se enquadrarem na nova postura que passará a cobrar dos pares.
Para Lira, “foi deprimente o que nós vimos aqui ante o comportamento de parlamentares, de parte a parte, uns acusando, outros defendendo, e vice-versa”.
“A partir da eleição do próximo Conselho de Ética, independentemente de lado, sigla, ideologia, pensamento partidário, o deputado ou a deputada que se exceder no Plenário desta Casa responderá perante o Conselho de Ética”, afirmou o presidente da Câmara.
“Não iremos tolher fala de parlamentar. Não iremos tolher o que o parlamentar vai falar. Eu só estou dizendo que o que o parlamentar falar pode ter consequência”, explicou o parlamentar.
Arthur Lira afirmou que essa mudança é importante especialmente depois do atentado terrorista do dia 8 de janeiro, incentivado por discurso violento e mentiroso de Jair Bolsonaro e aliados ao longo de anos.
“Não se pode falar de pacificação do país se a gente não pacificar primeiro a Casa”, disse.
Em discurso após sua reeleição como presidente da Câmara, Lira afirmou que “esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia”.
“Quem assim atuar terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei”, continuou.
“Aos vândalos e instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado, eu afirmo: no Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora da democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres e representantes escolhidos pelo voto popular. Jamais haverá um Brasil sem liberdade”, acrescentou.
Já na nova legislatura, o deputado bolsonarista Sargento Fahur (PSD-PR) foi denunciado ao Conselho de Ética depois de ter ameaçado o ministro da Justiça, Flávio Dino, em um encontro dentro da Câmara.
Fahur atacou a política de desarmamento do governo Lula e disse: “Dino, vem buscar minha arma aqui, seu merda”.
O deputado diz que foi apenas uma ofensa pessoal, e não uma ameaça. “Estou no início do meu segundo mandato e durante todo o primeiro acompanhei debates e mesmo ataques calorosos no Plenário e nas comissões, e isso talvez tenha feito com que me excedesse um pouco em minha manifestação”, falou.