Antigo centro de “rendição extraordinária” da CIA, que operou na Lituânia até 2006 para torturar pessoas seqüestradas no Iraque e no Afeganistão, vai ser colocado à venda, segundo a Reuters, que cita como fonte o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
A CIA, no auge da mal denominada Guerra ao Terror e da ocupação do Iraque e Afeganistão, operou uma rede de prisões secretas – os sítios negros – em vários países, onde a tortura era cometida com a cumplicidade de governos ‘amigos’, como o da Lituânia.
O TEDH confirmou que o celeiro, com longos corredores e paredes à prova de som, albergava um centro de detenção do assim chamado “programa de rendição” da CIA. O centro fica no meio de uma densa floresta na periferia da capital Vilnius.
“Este era um edifício muito fortificado onde se podia fazer o que se quisesse. O que acontecia exatamente aqui não conseguimos determinar”, disse à Reuters Arvydas Anusauskas, que coordenou a investigação – mais propriamente um acobertamento – no local em 2010.
Em 2005, o senador suíço Dick Marty disse ao Conselho da Europa que 14 governos europeus foram coniventes com a CIA no sequestro e transporte de suspeitos para interrogatório e tortura – a “rendição extraordinária”.
De acordo com o relatório, Espanha, Turquia, Alemanha e Chipre foram postos de passagem para as operações de rendição e Grã-Bretanha, Portugal, Irlanda e Grécia foram pontos de escala.
Itália, Suécia, Macedônia e Bósnia permitiram o seqüestro de residentes em seu território, afirmou o documento.
Sítios negros operaram também na Polônia, Romênia, Egito, Marrocos, Jordânia e Tailândia.
Registros de tráfego aéreo, fotos de satélite e relatos de prisioneiros comprovam os seqüestros e tortura. Segundo um relatório europeu, CIA realizou mais de mil vôos não declarados sobre o território da Europa desde 2001.
Quando o escândalo estourou, países como Suécia, Islândia e Espanha disseram só então terem se atentado de que aviões da CIA haviam feito escalas em seus territórios.
Ex-república soviética, a Lituânia tem um regime que cultua colaboracionistas do nazismo, foi anexado pela Otan e se presta a ser peão de provocações contra a Rússia e, ultimamente, contra a China.