“Hoje é um dia muito especial, um dia diferente. Afinal de contas, é o primeiro livro que passa no meu caminho contando a minha história. Quem lê a escrita sensível de Fernanda também vai se emocionar porque, embora a narrativa seja sobre Leci Brandão, esta também é a história de cada uma de todas as mulheres negras deste país”, afirmou Leci Brandão durante o lançamento do livro ‘A filha da Dona Lecy – A trajetória de Leci Brandão’, de Fernanda Martins, na noite desta terça-feira (6).
O evento aconteceu no Jardim Bar, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, reunindo amigos e admiradores da sambista, compositora e deputada estadual pelo PCdoB, que disputa novo mandato nas eleições deste ano.
“Sempre fui uma pessoa da luta. Ou da luta do trabalho, do colégio, pelo respeito ao cidadão, às minorias, à cultura, ao samba. A palavra respeito sempre esteve na minha vida porque foi uma das coisas que mamãe me ensinou. Ensinou a ter respeito pelas pessoas”.
“E sou muito grata à Fernanda por ter me permitido rever minhas memórias e aprender com elas porque, muitas vezes, entre um café e outro lá no gabinete, a partir de uma pergunta que ela me fazia, eu me via sob um olhar novo. Por causa da Fernanda, descobri muita coisa na minha vida. Isso só foi possível porque a Fernanda nunca se colocou como a pesquisadora diante do seu ‘objeto de estudo’, que sou eu, ela sempre soube que somos transformados pelos encontros. E foi isso que aconteceu. Esse livro é resultado de um grande encontro de vida”.
“A menina magrinha que entrou na Ala de Compositores da Mangueira, na década de 70, só soube por que fazia músicas de protestos muito tempo depois. O pessoal do Partido Comunista do Brasil, partido ao qual eu tenho orgulho de pertencer, vive me dizendo que eu já nasci comunista e não sabia. Eu acho que sim, e tenho muito orgulho por isso”, afirmou Leci, bastante emocionada, durante o encontro.
O lançamento contou com a presença de dirigentes partidários, lideranças sociais, do movimento feminino e do movimento negro, entre eles, o ex-deputado federal Jamil Murad, a dirigente da Unegro, Rozina de Jesus, a líder da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Lídia Correa, e a dirigente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), Cleide Almeida.
O livro ‘A filha da Dona Lecy’ foi lançado este ano pela Editora Gota. Conforme explicou Sarita Borelli, fundadora da editora, o trabalho surgiu da parceira com Ana Girardi, com a criação do selo Maré. “O objetivo é publicar livros de pesquisadoras mulheres, porque a produção acadêmica de mulheres caiu muito e, consequentemente, a publicação também. Fizemos um processo coletivo e abrimos um edital para que essas mulheres se inscrevessem com suas pesquisas. Nesse projeto foram publicados seis livros lindos e, entre eles, surgiu o livro da Leci, escrito pela Fernanda Martins, que é uma biografia, diferente dos outros, mas que abraçamos e temos hoje esse resultado”.
Para a autora, “foi um momento de muita emoção. Ter conhecido a Leci foi um marco na minha vida profissional, na minha vida enquanto mulher negra. Acho que conhecer a trajetória dela e me apropriar de tantos desafios que ela viveu, em que se manteve firme e que abriu portas para tantas outras mulheres negras virem depois dela, é um privilégio enorme”, declarou Fernanda.
“Acho que vivemos um momento histórico e político muito difícil e a Leci é uma dessas representações de muita garra e muito esforço para construir um outo país que a gente deseja ver, com mais mulheres negras, pessoas GLBTQIA+, mais jovens vivendo a política, então é algo realmente muito marcante”, concluiu.
JÚLIA CRUZ
Bom dia!!! Só uma correção no texto, Leci é candidata a deputada estadual e não federal. Obrigada!
Obrigado, Carina. Já corrigimos. Grande abraço e sempre à sua disposição – sobretudo para corrigir nossos erros.
Leci Brandão! Conheci no IAMSPE, você esta otima ! Parabéns…