Mais novo livro do jornalista Leonardo Wexell Severo, “Curuguaty, o combate paraguaio por Terra, Justiça e Liberdade” (Editora Papiro, 100 páginas, R$ 20) será lançado hoje, (27) de abril, a partir das 18h30, na livraria Martins Fontes da avenida Paulista.
Em parceria com o Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES), a obra mostra como em um acampamento de trabalhadores rurais em Curuguaty, no Paraguai, foram mortos 11 camponeses e seis policiais por franco-atiradores no dia 15 de junho de 2012. O “enfrentamento” envolveu 324 policiais, tropas de elite treinadas pela CIA e pelo exército dos Estados Unidos fortemente armadas com fuzis, bombas de gás, cavalos e até helicóptero. Do outro lado, menos de 60 sem-terra, metade deles mulheres, crianças e idosos.
Passados quase seis anos, denuncia Leonardo, temos quatro camponeses (Rubén Villalba, Néstor Castro, Luís Olmedo e Arnaldo Quintana) condenados a até 35 anos de prisão por “homicídio doloso”, “associação criminosa” e “invasão de imóvel alheio”, crimes que não cometeram. “Os mortos foram alvejados por armas de grosso calibre, que não foram encontradas com os sem-terra; a associação era uma organização, prevista em lei pelo próprio governo para reivindicar o local; e a terra em litígio é pública. Portanto, o livro se dedica a desmontar uma farsa grotesca”, afirma o autor. Com base em montanhas de documentos e depoimentos de testemunhas a que teve acesso como Observador Internacional do caso Curuguaty, no Tribunal de Sentenças de Assunção, Severo sustenta que “os camponeses não são culpados de nada, mas sim vítimas de um sangrento confronto armado por franco-atiradores com as digitais dos EUA”. A chacina, observa, “serviu de justificativa para afastarem o presidente Fernando Lugo uma semana depois a aprofundarem o retrocesso no país vizinho”.
“Como Observador Internacional do caso, presente nos momentos extremamente tensos e ricos dos enfrentamentos, o autor expõe e denuncia, com profundo conhecimento de causa, as inúmeras irregularidades e ilegalidades do processo”, declara Guillermina Kanonnikoff, membro do Movimento de Solidariedade aos camponeses de Curuguaty, ex-presa política da ditadura de Alfredo Stroessner. Para Guillermina, que tem uma longa folha de serviços prestados à luta pelos direitos humanos, “mais do que uma soma de reportagens colhidas no calor dos acontecimentos, Leonardo relata, de forma didática e direta, a comovente história de amor e abnegação dos camponeses de Curuguaty em sua incansável luta pela reforma agrária”. Para além de um livro, sublinha, “temos a convicção de que esta é uma conclamação à solidariedade, que fortalecerá não só a caminhada pela libertação dos nossos presos políticos, como pela integração de nossos países e povos”.
Em sua apresentação no livro, o presidente do CPC-UMES, Valério Bemfica avalia que “a parceria para o lançamento do livro do amigo Leonardo é muito natural”. “Pois já somos parceiros há muito tempo: quando ainda formávamos o CPC, no começo dos anos 90 do século passado, regidos pela batuta precisa de Denoy de Oliveira, lá estavam o Léo e sua companheira Monica, prontos para qualquer parada. E já então ele demonstrava claramente suas inúmeras qualidades. Duas nos interessam aqui: a capacidade sincera de sentir a mais profunda indignação contra todas as injustiças, não importa contra quem ou aonde sejam cometidas; e a incansável disposição de bater-se contra elas. Fez isso nas montanhas da Nicarágua, junto aos trabalhadores da Guatemala, junto aos camponeses paraguaios. Faz isso no seu dia-a-dia de militante-jornalista-escritor, sempre comprometido com os mais profundos valores da humanidade”. Conforme Valério Bemfica, “a presente obra é prova disso. Nela Leonardo vale-se de toda a sua competência para realizar uma denúncia profunda, com todos os elementos que uma boa reportagem deve conter. Para quem quiser saber a verdade sobre os acontecimentos de Curuguaty, é obra imprescindível”.