Os ilibados senadores Edson Lobão (MDB-MA) e Renan Calheiros (MDB-AL), ambos vestais da moralidade pública, foram a Curitiba se solidarizar e testemunhar a favor do colega Lula, que está preso, condenado a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. Renan saiu da cela e garantiu que Lula, apesar de estar condenado por ter recebido propina da empreiteira OAS, no caso do triplex do Guarujá, é um preso político.
Edison Lobão (PMDB-MA), que foi investigado pela Operação Leviatã, da Polícia Federal, suspeito de receber propina na construção de Angra3, também saiu em defesa de Lula que, segundo ele, “escolheu o caminho dessa prisão para manter a sua dignidade”. Lobão acha que Lula escolheu ser preso. Não é verdade. Lula foi preso depois de condenado por ter roubado, no caso do triplex. Esquecendo-se que os juízes da primeira e segunda instância analisaram dezenas de provas do envolvimento de Lula no esquema de propina no caso do triplex, Lobão cobrou que “provem que ele é culpado”. “Enquanto isso não acontece”, garantiu Lobão, “ele é inocente”.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também acusado pela Procuradoria de cometer os crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, disse que Lula “não quer nenhum tipo de concessão, apenas espera um julgamento justo”. Ao criticar o processo que condenou Lula, Renan disse ter “certeza que [o julgamento] não está seguindo o rito da legalidade”. Faltou Renan apontar em que ponto os tribunais brasileiros não seguiram o rito da legalidade. Quem assistiu ao julgamento observou uma quantidade enorme de provas no caso do triplex. O senador também aproveitou as câmaras e voltou a criticar a candidatura de Henrique Meirelles pelo PMDB e disse que o partido no período pós-Temer é “tenebroso”.
Segundo as investigações, Renan Calheiros também teria recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. Em troca dos valores, Renan teria oferecido apoio político ao então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que mantinha a empreiteira em licitações da estatal. Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado.