O operador Adir Assad afirmou, em depoimento de colaboração premiada, que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, recebeu “comissões” por tê-lo indicado para participar de um esquema de corrupção envolvendo o Grupo CCR. No esquema, o operador gerava dinheiro em espécie para o grupo empresarial por meio da emissão de notas superfaturadas.
Paulo Preto é apontado como operador do senador José Serra (PSDB-SP). No governo de Geraldo Alckmin, ele controlou obras rodoviárias de São Paulo, principalmente o Rodoanel, com contratos que somavam R$ 6,5 bilhões.
Assad relatou que Paulo Preto o indicou para conversar com Renato Vale, então presidente da CCR, e com o diretor da empresa José Roberto Meirelles, no primeiro semestre de 2009. Segundo ele, a parceria foi bem sucedida: entre 2009 e 2012, as operações com a CCR geraram caixa de até R$ 46 milhões, por meio de diversas concessionárias de rodovias controladas pela CCR.
Para provar o que disse, o operador apresentou à força-tarefa da Operação Lava Jato uma série de e-mails, nos quais estão anexadas notas fiscais e contratos de patrocínio superfaturados e que eram relativos a operações ilícitas de geração de dinheiro em espécie. Ele disse ter feito diversas entregas de dinheiro em espécie nos escritórios da CCR de São Paulo e do Rio.
“Fez nas datas de, pelo menos, de 24 de janeiro de 2012 e 2 de fevereiro de 2012 duas entregas de R$ 200 mil cada, entregues a um diretor da CCR no escritório da empresa em Botafogo, no Rio”, diz um trecho do depoimento.
Em outro anexo, que faz parte das investigações da Lava Jato no Rio, Assad afirmou que entregou dinheiro vivo a Paulo Preto. Ele contou ainda que o ex-diretor da Dersa solicitou sua ajuda para fazer entregas de dinheiro diretamente a Pedro Silva, que na época era funcionário da Dersa.
Assad afirmou que movimentou cerca de R$ 300 milhões para a Delta em São Paulo e que boa parte deste dinheiro foi entregue a Paulo Preto.
Recentemente, o Ministério Público da Suíça informou às autoridades paulistas ter encontrado escondido em contas offshore R$ 113 milhões de Paulo Preto.