Corte governamental de 30 das 350 licenças de aquisição de armamentos britânicos pelos israelenses é pura demagogia, pois em nada muda o fluxo de armas aos que perpetram genocídio em Gaza, salientaram oradores no ato
Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se no Piccadilly Circus, no centro de Londres, e, depois, marcharam até a sede da embaixada israelense para exigir um cessar-fogo imediato em Gaza, na 19ª grande mobilização realizada desde o início da invasão criminosa de Israel em outubro passado.
Bandeiras e faixas palestinas pedindo o “fim do genocídio”, “libertar a Palestina” e “não à islamofobia”, deram o tom da manifestação no sábado.
Os participantes, pessoas de todas as idades, origens e religiões, exigiram também que o governo da Grã Bretanha pare de entregar armas a Israel, salientando que esse fornecimento o torna cúmplice na morte de quase 41 mil palestinos e 95 mil feridos, a maioria crianças e mulheres, em consequência dos bombardeios perpetrados pelo regime de Netanyahu ao longo da faixa sitiada.
No início da semana passada, tentando sem sucesso driblar a chance de que o fornecimento de armas pesadas do Reino Unido para Israel fosse visto como uma violação grave do direito humanitário internacional, o governo do primeiro-ministro Sir Keir Starmer anunciou que estava suspendendo 30 das 350 licenças de exportação de armas para Tel Aviv- menos de 1% do total de aviões militares, helicópteros, drones e itens que facilitam o ataque terrestre.
SÓ UMA GOTA NO OCEANO
Iqbal Mohamed, um dos deputados independentes eleitos nas eleições legislativas de julho e que concorreu com uma plataforma pró-Palestina, presente na marcha, declarou ao canal Middle East Eye que a decisão de Londres de cortar contratos de armas com Israel e a decisão de restaurar parcialmente o financiamento à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) foi uma só “uma gota no oceano e temos de fazer mais”.
“O Reino Unido pode ser acusado de possíveis crimes de guerra e o meu trabalho como cidadão e parlamentar britânico é garantir que cumpramos o direito internacional”, advertiu o legislador.
A coligação de seis grupos que organizou o protesto, liderada pela Campanha de Solidariedade à Palestina (PSC), assegurou que a Scotland Yard mostra “crescente hostilidade e repressão” contra as manifestações, “ameaçando o direito democrático de protestar”, e denunciou que as autoridades ordenaram alterações no percurso das manifestações de última hora e prenderam seis pessoas.
A imprensa britânica registrou que o governo dos Estados Unidos havia manifestado descontentamento sobre a decisão de Londres de fazer o minguado corte nas licenças de armas para Israel.