
Manifestação da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação – e presidente do PCdoB – foi feita durante a abertura da 77ª Reunião da SBPC, em Recife (PE)
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que preside nacionalmente o PCdoB, afirmou, durante a abertura do encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), transcorrida neste domingo (13), em Recife (PE), que “esta reunião se inicia num contexto em que os EUA ameaçam o Brasil com uma taxação de 50% sobre nossos produtos, numa clara tentativa de chantagem política e de ingerência em assuntos internos brasileiros. Mas aqui, nós estamos do lado do Brasil”.
Em outra entrevista, a ministra afirmou sobre a chantagem trumpista: “Nós estamos virando essa página, fazendo uma agenda de reconstrução. Atravessamos quatro anos da liderança da extrema-direita no Brasil, que incentivou todos os mecanismos da pior política: o ódio, a intolerância, a mentira como ferramenta de ação. Agora, temos crescimento econômico, geração de empregos e uma nova indústria. Essa tentativa de Trump de querer interferir nos interesses brasileiros não é nova. É uma política velha. E o Brasil não aceita esse tipo de interferência”.
Luciana foi ainda mais incisiva ao comentar a postura do filho de Bolsonaro, que se encontra nos EUA, Eduardo Bolsonaro e aliados da extrema-direita:
“Infelizmente, a gente tem uma extrema-direita subserviente aos interesses norte-americanos. É uma vergonha o que Eduardo Bolsonaro está fazendo. Se transfere, vai para os Estados Unidos e ainda veste a camisa verde e amarela. Mas o chapéu que eles usam é o dos EUA, não o do Brasil. São falsos patriotas, entreguistas, venderam o principal patrimônio do povo brasileiro quando puderam. Agora, nós estamos resgatando a verdadeira soberania nacional.”
O ENCONTRO DA SBPC
Luciana destacou a emoção de iniciar o maior evento científico da América Latina em sua terra natal, reforçando o papel estratégico da ciência para a soberania nacional e o desenvolvimento social. Assinalou, ainda, a importância da ciência servir a um projeto de nação que una desenvolvimento, justiça social, sustentabilidade e soberania.
Defendeu, também, o fortalecimento do domínio tecnológico como caminho para garantir autonomia ao país. “Em um mundo 4.0, ciência, tecnologia e inovação são sinônimos de desenvolvimento e de autonomia. Não haverá desenvolvimento sem domínio tecnológico; nem justiça social sem democratização do saber”.
Luciana Santos, ao rememorar avanços recentes no setor, destacou a recomposição integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que possibilitou recordes de investimento em pesquisa, infraestrutura científica e capacitação.
“Com política pública, estamos conquistando um equilíbrio melhor. Em 2023 e 2024, tivemos R$ 1,5 bilhão em contratos de apoio não reembolsável e subvenções diretas a instituições e empresas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, sentenciou.
Realizada de 13 a 19 de julho, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a SBPC reúne cientistas, estudantes, professores, gestores públicos e a sociedade em geral para debater o futuro da ciência e da inovação no Brasil. Com o tema “Progresso é Ciência em Todos os Territórios”, a programação valoriza a ciência em todas as regiões do país e aproxima o conhecimento da população.
A vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, destacou o papel da ciência como direito fundamental. “Eu falo a vocês com o coração cheio de esperança, de orgulho e, sobretudo, de responsabilidade. Falo como mulher da política que acredita que nosso povo tem direito ao futuro, que a ciência deve ser um direito de todas e todos, e não um privilégio de poucos”, disse.
A reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Maria José de Sena, ressaltou que a realização da reunião da SBPC na UFRPE é um momento histórico. “Para a nossa instituição, para o nosso Estado, para a nossa cidade e, sobretudo, para a ciência brasileira“, disse.
“Estamos reunidos para celebrar e refletir sobre o papel transformador da educação, da ciência e da tecnologia no desenvolvimento humano, social e econômico. Não há país que tenha alcançado justiça social, soberania e bem-estar sem ter feito investimentos consistentes nessas áreas. A ciência não é um luxo, é uma necessidade, como todos nós sabemos”, disse a reitora.
Maria José completou que a educação não é apenas um direito individual. “É o alicerce coletivo de um país que deseja crescer com equidade e dignidade. E a tecnologia, por sua vez, é o instrumento com o qual podemos enfrentar desafios antigos e emergentes: das mudanças climáticas à segurança alimentar, passando pela saúde pública”.
DEFESA DA DEMOCRACIA E DO PAPEL SOCIAL DA CIÊNCIA
O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, abordou a defesa da democracia como valor central da comunidade científica. “A defesa da democracia, da soberania nacional e popular é o primeiro ponto”, alertou referindo-se às ameaças externas ao país: “Queremos manter as Américas como um espaço de paz. Mas se não teremos guerras com armas brancas ou de fogo, também não admitimos guerras híbridas, dessas que hoje proliferam pelo planeta”, completou.
A abertura oficial da SBPC também celebrou os 40 anos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destacando a reconstrução das políticas públicas para o setor e o fortalecimento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento segue até 19 de julho, com mais de 300 atividades gratuitas, incluindo conferências, debates, oficinas e apresentações culturais.
HOMENAGENS
Três renomadas cientistas e pesquisadoras pernambucanas foram homenageadas por suas trajetórias e contribuições à ciência, à educação e ao desenvolvimento regional: a professora Lúcia Melo, referência em inovação e políticas científicas; a professora Silke Weber, reconhecida por sua atuação em prol da educação pública de qualidade; e a professora Tânia Bacelar, destacada economista com forte atuação nas áreas de desenvolvimento regional e desigualdades sociais.
“Elas são exemplos de compromisso e competência. Mulheres que dão força e enriquecem a ciência de Pernambuco e do Brasil”, enfatizou a ministra Luciana.
(com informações da Agência Brasil)