O lucro líquido do Bradesco no terceiro trimestre deste ano, com pandemia e tudo, foi de R$ 5,031 bilhões. Um aumento de 29,9% em relação ao segundo trimestre (R$ 3,873 bilhões).
Na pandemia, os bancos estão entre os setores, provavelmente apenas ao lado do agronegócio, que mais lucraram na pandemia.
A carteira de crédito do Bradesco teve um aumento de 11,7% nos últimos 12 meses, incluindo março, abril e maio, os piores meses da crise sanitária, somando R$ 664 bilhões.
Os maiores riscos na crise não alteraram o cenário positivo para o Bradesco e seus congêneres. No dia anterior, o espanhol Santander divulgou um lucro líquido de R$ 3,9 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 5,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Os bancos brasileiros estão entre os mais rentáveis do mundo, segundo dados do Banco Central, divulgados em 4 de junho deste ano. Em 2019, o retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário alcançou 16,5% e ficou bem acima de países desenvolvidos, como Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. O lucro líquido dos bancos somou R$ 118 bilhões em 2019.
No terceiro trimestre, o retorno sobre o patrimônio líquido do Bradesco foi de 15,2%. O desempenho é maior do que o apurado nos três meses anteriores (11,9%), e ficou no mesmo nível na comparação com o trimestre do ano passado. Do Santander atingiu 21,2% no terceiro trimestre.
Pelos estudos da consultoria mundial EY Center for Board Matters realizados no final de 2019, a média dos 50 maiores bancos do mundo apresentaram retornos em 2017 de 9,96%, em 2018 de 10,22% e 2019 de 9,71%. A estimativa para 2020, ainda sem a ocorrência da pandemia, foi de 9,91% e para 2011, de 9,92%.
O setor financeiro foi beneficiado logo no início da crise sanitária, em 23 de março, com a injeção pelo governo de R$ 1,2 trilhão de recursos. Na semana anterior, no dia 18 de março, Bolsonaro e Guedes anunciavam um “vale” de R$ 200 reais por três meses para os trabalhadores informais atingidos pela pandemia.
A justificativa para destinar R$ 12 trilhão a bancos era a necessidade de aumentar a liquidez, o volume de dinheiro, para que eles pudessem ampliar as linhas de crédito para empresas e reduzir os juros. Os recursos ficaram empoçados nos bancos, os empréstimos para capital de giro e pagamento dos salários e manutenção dos empregos ficaram ainda mais difícil para as micro, pequenas e médias empresas e os juros aumentaram. O desemprego explodiu e milhares de empresas fecharam as portas.
Segundo destacou a Auditoria Cidadã da Dívida, os bancos “de março a maio apenas aumentaram as suas concessões de empréstimos em R$ 50,4 bilhões, em relação ao mesmo período de 2019. Ou seja, apesar de todo este volume adicional de recursos entregue pelo Banco Central, e apesar da crescente necessidade por mais financiamentos em um cenário de forte crise, nestes 3 meses os bancos mantiveram praticamente o mesmo patamar de financiamentos do ano passado, com um aumento de apenas 5,4%. Estes dados se encontram na Tabela 1 do arquivo disponibilizado no final de junho pelo Banco Central na página BCB”.