Nenhum índice econômico teve desempenho que se aproxime da espetacular margem de crescimento do lucro do banco espanhol Santander nos primeiros meses de governo Bolsonaro.
De acordo com o balanço divulgado pela instituição financeira nesta terça-feira (30), o lucro líquido do banco atingiu no primeiro trimestre R$ 3,415 bilhões – o que representa um crescimento de 21,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Sobre o último trimestre de 2018, o aumento foi de 7,7%.
Uma das receitas de rentabilidade no Brasil é apostar nas operações de crédito, especialmente de pessoa física, contornando a crise pela qual passa o setor produtivo e as empresas.
“Nossa participação de mercado em crédito atingiu 9,4% em fevereiro/19, expansão de 0,5 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado. Em três meses, a carteira de crédito total aumentou 1,8%”, destacou o banco que já teve o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos, como funcionário por 18 anos.
Essa modalidade se tornou mais rentável, primeiro porque as pessoas têm recorrido a empréstimos, ao cheque especial e ao cartão de crédito para enfrentar a crise, o desemprego e a renda arrochada. Segundo, porque essas operações de crédito têm as maiores taxas de juros (em média de 300% ao ano), fazendo com que os bancos literalmente ganhem com a crise.
Nesta mesma terça-feira, véspera do Dia do Trabalho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados assustadores sobre o emprego no Brasil. No mesmo trimestre em que os bancos lucraram como nunca, mais de 1,2 milhão de pessoas entraram nas fileiras do desemprego, somando 13,4 milhões de trabalhadores sem trabalho.
Não é a toa que à medida que os bancos apresentam lucros recordes, a inadimplência atinge patamares elevadíssimos. De acordo com informações do Serasa Experian, 63 milhões de brasileiros estão nessa condição, o que significa que 40,3% da população simplesmente não consegue pagar suas dívidas. Não surpreende que as dívidas com bancos e cartões representam sozinhas 28,1% dos registros de inadimplência, ainda segundo o Serasa.
Patrimônio engordando
Enquanto os salários permanecem arrochados e o desemprego em níveis elevados, a operação do Santander no Brasil garantiu aos espanhóis o posto de maior fonte de lucro. A filial do banco espanhol contribuiu com 29% de todo o grupo nos primeiros três meses do ano.
O Santander encerrou o trimestre com um retorno sobre o patrimônio líquido (um indicador da lucratividade dos bancos) de 21,1%.
Bradesco
Na semana passada, o banco Bradesco informou que seu lucro líquido subiu 22,3% e chegou a R$ 6,238 bilhões no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os primeiros três meses de 2018 (R$ 5,1 bilhões). Na comparação com o quarto trimestre do ano passado (R$ 5,830 bilhões), o lucro subiu 7%.
Segundo o Bradesco, no primeiro trimestre deste ano, o retorno sobre o patrimônio líquido (rentabilidade) atingiu 20,5%. O patamar mais elevado dos últimos 15 meses.
PRISCILA CASALE