Médica cotada para substituir ministro foi torrada pelo Planalto e por seus milicianos por defender vacinas, higiene e distanciamento social
O episódio da substituição de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde por conta do desastre do governo Bolsonaro na condução da pandemia revelou que a intenção do Planalto era mesmo fazer apenas alterações de fachada para manter tudo como está. Ou seja, manter o vírus circulando livremente.
Pressionado por parlamentares do “centrão”, entre eles o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e outros, a afastar Pazuello, Bolsonaro recebeu no domingo (14) no Palácio do Alvorada, a médica cardiologista Ludhmila Hajjar.
Logo após o encontro, no entanto, a milícia digital de Bolsonaro foi acionada por ele para detoná-la nas redes sociais. O motivo foi o fato dela defender medidas científicas e sensatas de combate à pandemia. Seu “pecado” foi pensar de acordo com a comunidade científica brasileira e mundial. Confira no vídeo.
Assista ao vídeo com as posições da Dra. Ludhmila Hajjar
Luhdmila foi torrada pela milícia de Bolsonaro por defender medidas como a vacinação, o distanciamento social, a adequada higienização das mãos e outras ações de prevenção contra o vírus. Ela disse também, numa entrevista, que o Brasil está fazendo tudo errado na pandemia.
Não era isso que Bolsonaro queria. O fato também da médica não recomendar o uso da cloroquina, medicação sem eficácia comprovada cientificamente, pesou para que Bolsonaro a descartasse.
As avaliações feitas pela médica de que as autoridades do país cometeram erros, opinião que é praticamente unânime no Brasil e no mundo, não agradaram ao capitão cloroquina. Bolsonaro queria outro poste como Pazuello para seguir “obedecendo ordens” e mantendo o seu criminoso boicote à luta contra o coronavírus.
Até um áudio antigo foi recuperado pela milícia para desgastar a médica. Na ocasião em que o áudio foi gravado, Bolsonaro iniciava sua campanha para minimizar a pandemia, chamando-a de “gripezinha”.
A médica, segundo o jornal O Globo, teria criticado Bolsonaro, diagnosticando-o como um psicopata, e apoiado a quarentena decretada por Ronaldo Caiado em Goiás. Ela disse, na época, que Caiado decretou as medidas porque era um governador corajoso.