O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os corruptos são pessoas “libertadas a granel” no país apesar de desviarem milhões e possuírem contas no exterior. Para Barroso, eles tornaram-se “uma minoria muito bem protegida no Brasil”.
“Existe uma minoria muito bem protegida no Brasil, atualmente: são os corruptos. Pessoas que desviaram milhões e mantêm suas contas no exterior e são libertadas a granel”, disse Barroso. “São liberações que expõem e desprestigiam os juízes de primeiro grau, que enfrentam essa cultura de desigualdade que sempre protegeu os mais riscos, essa cultura de compadrio. E as pessoas que ousam corajosamente romper com esse círculo vicioso da história brasileira são frequentemente desautorizadas, quando não humilhadas, por decisões judiciais de tribunais mais elevados”.
A fala do ministro aconteceu no sábado (26), num congresso de magistrados, em Maceió. Barroso não deu o nome de quem solta corruptos “a granel”, mas não é difícil identificar. Gilmar Mendes, seu colega no STF, é quem abre as porteiras para os corruptos. Gilmar mandou soltar dez presos envolvidos em casos de corrupção apenas neste mês de maio, segundo o colunista Josias de Souza.
Na segunda-feira (28), Gilmar Mendes soltou mais dois presos da Operação Pão Nosso, ocorrida em abril, que investigou desvios de recursos públicos na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral. Sairão da cadeia o doleiro Sérgio Roberto Pinto da Silva e o ex-diretor da Seap, Cesar Rubens Monteiro de Carvalho. Eles foram presos por determinação do juiz federal Marcelo Bretas.
Luís Barroso se solidarizou com os juízes que prendem os corruptos soltos. “Sou solidário com quem se dispõe a fazer esse trabalho. Ele é difícil, tem um custo pessoal alto, mas a história está do nosso lado. Há uma velha ordem sendo transformada. Essa é a minha convicção. Os aliados da corrupção no Brasil fazem um discurso libertário, quando na verdade é uma leniência com uma velha ordem e uma cultura de desvio de dinheiro público.”
Gilmar tirou da cadeia Hudson Braga, secretário de Obras de Sergio Cabral, Carlos Miranda, operador do ex-governador do Rio, Milton Lyra, operador do PMDB, Marcelo Sereno, ex-secretário nacional de comunicação do PT e braço direito de José Dirceu, Adeilson Ribeiro Telles, do Postalis, Carlos Alberto Valadares Pereira, ex-membro do Conselho de Administração do Serpros, fundo de pensão do Serpro; e Ricardo Siqueira Rodrigues, operador financeiro.
Além desses, Gilmar pôs na rua Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, Sandro Alex Lahmann e o delegado Marcelo Luiz Santos Martins, investigados nos ilícitos do sistema prisional do Rio de Janeiro.