O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, pediu à Polícia Federal que investigue o ataque cibernético que tentou derrubar o sistema da Justiça Eleitoral na manhã de domingo (15), dia das eleições municipais.
Segundo o ministro, aconteceram 436 disparos massivos de conexões por segundo. A tática é usada para tentar derrubar um sistema online a partir da sobrecarga de acessos simultâneos.
Barroso informou que os disparos, feitos a partir do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia, podem ter tido motivação política.
“Eu não diria ligado a grupos políticos, mas evidentemente suspeita-se de uma motivação política na operação”, afirmou o ministro. “O ataque não conseguiu ultrapassar as barreiras e foi devidamente repelido pelos nossos mecanismos de segurança”, ressaltou.
Técnicos do tribunal estão investigando se o ataque, apesar de neutralizado, provocou falhas no acesso ao aplicativo e-Título, utilizado para justificar o voto e consultar o local de votação.
O TSE também pediu à Polícia Federal que apure o vazamento de dados antigos (de mais de dez anos) de ex-ministros e ex-funcionários do tribunal. O ministro informou que, embora esse vazamento tenha acontecido em “data pretérita”, ainda não identificada, o vazamento foi divulgado no domingo para desacreditar o sistema e colocar dúvidas sobre a segurança das eleições.
“Assim que eles foram vazados, milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas, que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura. E muitos deles são investigados pelo Supremo Tribunal Federal”, declarou.
Em conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, o presidente do TSE disse que pediu a ele “uma investigação séria e ampla”.
O ministro também esclareceu a demora na totalização dos votos, que teve um atraso de pelo menos duas horas na divulgação da apuração.
Segundo ele, a demora na divulgação não teve qualquer relação com o “ataque cibernético”, mas sim com o atraso na chegada de um supercomputador, contratado pelo TSE para fazer a totalização dos votos, que antes eram centralizados pelos tribunais regionais eleitorais (TREs).
Barroso explicou que o serviço do supercomputador foi contratado em março, mas, em razão da pandemia de Covid-19, o equipamento só chegou em agosto, impedindo que a equipe técnica do tribunal realizasse todos os testes necessários para que o software aprendesse a calcular os dados com a velocidade e volume necessários.
“Em razão das limitações nos testes prévios, no dia da eleição, a inteligência artificial demorou a realizar o aprendizado para processar os dados no volume e velocidade com que chegavam. Daí sua lentidão e travamento, que exigiu que a totalização fosse interrompida e iniciada. A detecção e solução do problema gerou atraso de aproximadamente duas horas”, afirmou.