Nome do advogado foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria
Luis Gama, conhecido como “o advogado dos escravos” durante o período colonial foi homenageado pela Lei 13.629/2018, se tornando o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. A lei foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), desta quarta-feira (17).
O líder abolicionista Luís Gonzaga Pinto da Gama também está, a partir de agora, com seu nome inscrito no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, com a publicação da Lei 13.628/2018, no DOU nesta quarta-feira. Quem tem o nome inscrito no chamado “Livro de Aço” é considerado herói nacional.
Luís Gama, além de advogado era poeta e jornalista. Ele nasceu em Salvador em 1830, filho de um fidalgo português com a revolucionária Luiza Mahin, uma escrava liberta. “Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa Mina, (Nagô de Nação) de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida e vingativa”, afirmou em carta enviada a Lúcio de Mendonça em julho de 1880, aos 50 anos.
O nome de seu pai não ficou conhecido, e nessa mesma carta citada acima, o líder explicou: “Meu pai (…) era fidalgo; e pertencia a uma das principais famílias da Bahia, de origem portuguesa. Devo poupar à sua infeliz memória uma injúria dolorosa, e o faço ocultando o seu nome”, disse.
Em razão de uma dívida de jogo, após perder toda herança herdada de uma tia, o pai de Luis Gama o vendeu como escravo quando ele tinha apenas 10 anos. Alforriado sete anos mais tarde, aprendeu a ler e tentou cursar legalmente Direito na Universidade de São Paulo (USP), mas, por ser negro, enfrentou hostilidade da instituição, de professores e alunos. Ele persistiu e seguiu assistindo as aulas como ouvinte, posteriormente conseguiu a carta de advogado.
Como poeta, especializou-se na sátira, ou nas “trovas burlescas”, como as chamava. Numa delas, atribuiu-se o apelido de “Orfeu de carapinha”. Noutra, jogando com a palavra “bode” no sentido de mestiço, escreveu: “Se negro sou, ou sou bode, / Pouco importa. O que isto pode?”. Como jornalista, sua principal causa era a luta contra a escravidão, mas tinha também um lado humorista, nos semanários ‘O Polichinelo’ e ‘O Cabrião’.
Sua militância culminava na advocacia em favor dos escravos. Estampava nos jornais anúncio que dizia: “O abaixo assinado aceita, para sustentar gratuitamente perante os tribunais, todas as causas de liberdade que os interessados lhe quiserem confiar. Luís Gonzaga Pinto da Gama”.
O líder abolicionista com o conhecimento adquirido, defendeu e libertou na Justiça mais de 500 negros escravos, mas faleceu em 1882, seis anos antes promulgação da Lei Áurea.