
À frente das pesquisas, candidata do movimento Revolução Cidadã, do ex-presidente Rafael Correa, recebeu o apoio de lideranças do movimento Pachakutik, do Partido Socialista, do Renovação Total (Reto) e do Centro Democrático, ampliando forças para realizar a profundidade das mudanças que o Equador necessita
Apesar da chuva que desabou sobre Guayaquil, a candidata oposicionista Luisa González encerrou a campanha presidencial na última quinta-feira (10) com uma gigantesca manifestação “em um ato de amor pela Pátria” para derrotar as forças da oligarquia e da submissão aos EUA, representados pelo atual mandatário, Daniel Noboa.
No primeiro turno, em fevereiro, Noboa – que teve a riqueza da família construída com base na exportação de bananas – conseguiu ficar 16.746 votos à frente da candidata do movimento Revolução Cidadã (RC), do ex-presidente Rafael Correa.
“Esta unidade não é para ganhar uma eleição, é para apontar um caminho que conduza o Equador no rumo do desenvolvimento e da justiça social. Porque o que está em jogo é mudar ou continuar com o abandono, a mentira e a insegurança. E todos decidimos ir às urnas no domingo (13) para lutar pela dignidade de um povo que exige seus direitos”, afirmou Luisa.
Em seu curto mandato, Noboa elaborou um tratado de submissão com os Estados Unidos – sob o pretexto de “ajuda” – com a justificativa de conter o narcotráfico, quando alegou ter se encontrado pessoalmente com o presidente dos EUA, Donald Trump, para discutir o caso da segurança do país. Guiado por esta cartilha, já havia assinado um tratado que viola a soberania nacional, concedendo total autonomia de ação em território equatoriano a agentes, militares e equipamentos de guerra estadunidenses. O capachismo inclui navios, aviões e o uso indiscriminado de bases militares e só não foi à frente por estar sendo barrado pela oposição parlamentar.
Apesar de decretar “Estado de exceção” em várias regiões do país, a taxa de homicídios não para de crescer. Apenas nos primeiros 50 dias deste ano foram registrados 1.300 assassinatos, o equivalente a um homicídio por hora – um aumento de 40% em relação a 2023.
“VISÃO MULTIPARTIDÁRIA PARA GOVERNAR”
Presidente do movimento Revolução Cidadã, Luisa foi acompanhada no palanque pelo líder da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) e candidato do movimento Pachakutik à presidência, Leônidas Iza; e por representantes do Partido Socialista, do movimento Renovação Total (Reto) e do Centro Democrático. Destacando o papel da amplitude necessária para realizar a profundidade que o país necessita, a candidata anunciou a incorporação do ex-candidato presidencial de direita, Jan Topic, à equipe de segurança, citando como uma “visão multipartidária para governar”.
“Estamos aqui, unidos por vocês, queridos irmãos. Cinco partidos políticos que representam o povo equatoriano, os povos e nacionalidades indígenas, os afros, cholos e montúbios, uma pátria unida”, asseverou a dirigente do RC. “Seguimos em frente sem medo, com alegria, com esperança. Esta é a mudança definitiva, a dignidade de um povo que merece dias melhores”, frisou.
Condenando a falsidade propagandeada pela oligarquia, Luisa destacou que “a verdadeira liberdade é a do povo que quer ir a um parque sem ter medo de que lhe roubem ou matem a sua família, é a dos jovens que possam ir à universidade e que encontrem um emprego para cumprir seu sonho, a idosos que possam ir a um hospital e encontrar médicos e enfermeiros que lhe deem atenção de qualidade”.
“Neste ano e meio (de governo Noboa), a violência, a pobreza e o desemprego têm sido mais graves para nós, mulheres”, recordou a candidata, que se comprometeu a abrir linhas de crédito de até US$ 40.000 e taxas de juros de um dígito para mães solteiras como ela.
Diante da dimensão do desafio, a líder conclamou a população a se somar de forma ativa e consciente para virar a página de recessão, miséria e abandono em que os neoliberais afundaram o país. “Que ninguém fique em casa no próximo domingo. Vamos todos votar nas urnas e depois proteger o nosso voto. Ninguém descansa aqui! Deixaremos esses dias sombrios para trás e semearemos dignidade e esperança neste país. Estamos aqui, unidos por vocês, queridos irmãos e irmãs, por um povo que clama por justiça, por sete milhões de pobres. Este povo vencerá”, sublinhou.
Candidato à vice-presidente pelo RC, Diego Borja, assinalou a gravidade da crise e da importância do país ter uma liderança coerente e firme, que o conduza com dignidade e não com violência. “Vamos mudar a insegurança, mas nunca com grupos paramilitares e mercenários. Vamos combater o crime com as nossas Forças Armadas, com a nossa Polícia Nacional; vamos equipá-los, vamos dar-lhes todas as oportunidades, vamos treiná-los”, destacou.
Borja também defendeu uma massiva participação nas urnas “para ter a primeira mulher presidente do Equador”. “Seguimos em frente sem medo, com alegria, com esperança. Esta é a mudança definitiva, a dignidade de um povo que merece dias melhores”, reiterou.
LUISA ALERTA CORRER RISCO DE VIDA APÓS RETIRADA DE SUA SEGURANÇA
À frente em todas as pesquisas, Luisa González denunciou nesta sexta-feira (11) a retirada de sua segurança pessoal, feita pelo Exército, por ordem de Daniel Noboa, a quem responsabilizou por qualquer atentado contra a sua vida ou de seus familiares.
O alerta da candidata procede, já que na última eleição presidencial em que enfrentou Noboa, outro candidato de direita, Fernando Villavicencio, foi assassinado a poucos dias do primeiro turno, com seus votos migrando para o anticorreísta.
Diante dos riscos evidentes, Luisa exigiu o retorno imediato de sua segurança, agradeceu às Forças Armadas pela proteção oferecida durante a campanha e conclamou os chefes militares a não permitirem que a oligarquia os manipule como massa de manobra e instrumento de chantagem.