“Vai voltar o Lula que dona Lindu pariu para governar o país como esse país precisa ser governado, que sabe que não pode esquecer suas origens (…) Viemos prá mudar esse país e não permitir que uma só criança morra de fome”, disse o presidente no ato das comemorações dos 43 anos do partido. Gleisi Hoffmann, por sua vez, fez uma dura crítica ao “discurso mercadocrata” que leva o Banco Central a “corroborar com a mentira impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante seu pronunciamento no ato de comemoração dos 43 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), que “nós voltamos sem ódio para dizer que é necessário dar um tratamento decente ao ser humano. A palavra correta é essa: é preciso cuidar das pessoas, é necessário melhorar a educação e a tecnologia”, sentenciou, para acrescentar: “serei cuidador do povo para ele se levantar e lutar pelo que tem direito”.
Lula fez um resgate da história do PT e das gestões comandadas pelo partido e assegurou que seu “compromisso é de fazer mais do que eu fiz pela primeira vez”, lembrando que recebeu o país em 2023 “muito pior do que recebemos em 2003”, mas que a volta do partido ao poder só tem sentido se for para fazer as mudanças que o país precisa.
Segundo Lula, “precisamos construir um mundo novo, esse ser humano novo que todos sonham, um mundo fraterno, solidário, democrático. Afinal de contas esse país é o 3º produtor de alimentos do mundo, é o maior produtor de proteína animal do planeta terra”, acrescentando que “tenho esperança de que não há dificuldade que a gente não possa superar”.
“Vamos brigar pelo povo brasileiro para que nunca mais um genocida ganhe as eleições com base na indústria da mentira”, conclamou a militância presente à cerimônia, para acrescentar: “nós voltamos para governar esse país com democracia e com respeito aos mais pobres”.
“A razão da nossa existência (do partido) é melhorar a qualidade de vida de nosso povo. Felicidade ou a gente reparte ou a gente perde. Por isso, nós precisamos repartir a nossa felicidade”, sustentou o presidente, e acrescentou emocionado; “vai voltar o Lula que dona Lindu pariu para governar o país como esse país precisa ser governado, que sabe que não pode esquecer suas origens e de onde veio. Viemos para mudar esse país e não permitir que uma só criança morra de fome”.
GLEISI: O BC CORROBORA COM A MENTIRA IMPONDO UM ARROCHO DE JUROS ELEVADOS AO BRASIL
Coube à presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, o primeiro pronunciamento no ato. A dirigente, ao analisar o quadro atual, asseverou que “hoje, duas palavras resumem o compromisso e o desafio que temos diante de nós: crescimento e empregos” que “se desdobram em políticas de geração de renda e oportunidades, de superação da fome e da pobreza que voltaram a assolar nossa gente; de ações voltadas ao desenvolvimento econômico, social e ambientalmente sustentável, com uma nova industrialização, apoio aos serviços e à agricultura responsável, ao pequeno e médio empreendedor; ao resgate dos instrumentos do estado, empresas e bancos públicos que impulsionam o país”.
E alertou: “o Brasil não pode mais ficar esperando por crescimento e empregos. Este sentido de urgência, que certamente estará presente em todas as ações do governo, orienta igualmente a ação política do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Foi o que confirmamos hoje, na primeira reunião do Diretório Nacional do PT sob o novo governo que temos a responsabilidade de sustentar”.
“Está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata dos ricos desse país, que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB. Ainda temos as reservas internacionais, deixadas pelo PT. Eles mentem, e o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isso tem que mudar”, sustentou.
A presidente do PT argumentou que “não há acomodação possível diante de 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome; diante de tantas famílias destruídas pelo desemprego, de crianças que mendigam nas ruas, desafiando nossas consciências de forma mais pungente do que todas as estatísticas e indicadores sociais e econômicos. Não há acomodação possível diante do sucateamento da saúde pública, da educação e da cultura; das políticas públicas de apoio ao pequeno agricultor; de defesa das mulheres contra a discriminação e a violência; diante da criminosa liberação de armas que o país assistiu”, sentenciou.
Gleisi, após resgatar a história do partido e as conquistas durante as gestões encabeçadas pelo PT, homenageou a militância do partido pela “resistência”, agradeceu os partidos aliados que contribuíram com a vitória nas urnas e destacou “o papel da frente democrática encabeçada por Lula e Alckmin e da Frente Brasil da Esperança”, integrada também pelo PCdoB e o PV, e a união dos aliados de sempre e de antigos adversários, hoje unidos na defesa da democracia e na luta contra um “modelo excludente que voltou a oprimir os trabalhadores e fez o país regredir em todos os sentidos”.
Referindo-se aos atos golpistas de 8 de janeiro, afirmou que “os derrotados tentaram um golpe de força, uma selvageria, contida pela sociedade brasileira, o parlamento, a justiça e a comunidade internacional” e defendeu que os responsáveis respondam pelos crimes que praticaram contra a democracia e as instituições republicanas.
DIRETÓRIO DO PARTIDO DEFENDE PRESENÇA DE CAMPOS NETO NO PARLAMENTO PARA EXPLICAR JUROS ALTOS
O Diretório Nacional do PT, reunido nesta manhã também em Brasília, por ocasião das comemorações alusivas aos 43 anos de existência do partido, após ouvir as explanações do ministro Fernando Haddad, aprovou uma resolução orientando as bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal a garantir a presença, em audiência, do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para explicar as razões dos juros extorsivos praticados pela instituição.
Segundo vários integrantes da direção nacional do partido, a manutenção da taxa Selic nos níveis atuais (a mais elevada do mundo em termos reais) impede a retomada do crescimento econômico, inibe os investimentos públicos e cria obstáculos à geração de empregos e ao incremento da renda nacional e do consumo.
COMEMORAÇÕES
O evento comemorativo do Partido dos Trabalhadores ocorreu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, na noite desta segunda-feira (13), diante de milhares de militantes, governadores, parlamentares, partidos aliados e representações estrangeiras.
O ato foi marcado também por algumas apresentações musicais e a leitura de mensagens enviadas por diversos partidos de outros países.
Lula, no início de seu pronunciamento, fez questão de fazer um gesto de incentivo ao fortalecimento do partido ao assinar uma autorização para sua contribuição partidária, ocasião em que argumentou a necessidade do PT não ficar dependente apenas das contribuições oficiais, e que essa deve ser uma das marcas da agremiação.
Ao concluir seu discurso, fez uma homenagem à militância do partido e outra à presidente Gleisi Hoffmann pela condução do PT: “Tenho muito orgulho de você”, afirmou.
A ex-presidente Dilma Roussef também fez uso da palavra, resgatando o papel de Lula e sua “capacidade inequívoca de apontar caminhos”, lembrando que o presidente “resolveu novamente enfrentar e resistir de dentro do país, e não fugiu”, numa referência indireta a Bolsonaro.
Dilma também defendeu a soberania nacional dizendo que “não podemos entregar nossas empresas estatais como foi feito com a Eletrobrás, vendida por um prato de lentilhas”, e fez defesa do fortalecimento da Petrobrás. “O neoliberalismo criou em todo mundo imensas desigualdades. 2/3 da riqueza do mundo é controlada por um 1% dos mais ricos”, argumentou, para sustentar que o PT tem, agora, “a missão de reconstruir do país e aprofundar a democracia, depois de um governo de índole fascista”.