Reuniões com partidos políticos, empresários e trabalhadores visam aprovação da PEC da Transição que garanta a retomada dos investimentos, a elevação dos salários e o combate à fome
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva está em Brasília nesta quinta-feira fazendo as articulações políticas necessárias para a aprovação da PEC da Transição, medida necessária para enfrentar a emergência da fome, que atinge hoje 33 milhões de Brasileiros, e para retomar o crescimento da economia. Lula quer manter o programa de ajuda de R$ 600 para as famílias mais necessitadas, aumentar o salário mínimo e retomar as milhares de obras paradas.
Depois de se reunir com parlamentares do PSD na terça-feira (28), Lula encontrou-se nesta quarta-feira (30) com deputados do PSDB e do Cidadania. O encontro aconteceu na sede da transição com os deputados federais Adolfo Viana (PSDB-BA) e Alex Manente (Cidadania-SP). O tema discutido foi a PEC da Transição. Eles garantiram o apoio da federação ao qual fazem parte na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição no Congresso.
Os parlamentares informaram a Lula que nos partidos que compõem a federação (PSDB e Cidadania) há divergências quanto ao tempo de duração da liberação dos recursos por fora do teto. Parlamentares dos dois partidos defendem que a exclusão do Bolsa Família do teto seja por apenas um ano.
Há também discussões sendo feitas no sentido de que o teto de gastos seja substituído por um outro tipo de política fiscal, tendo em vista de que o teto recebe críticas de amplos setores da economia e da sociedade. Só e quem é intransigente na manutenção deste mecanismo que travou o desenvolvimento do país é o chamado “mercado”, que nada mais é do que o setor parasita da sociedade que vive exclusivamente de especulação com títulos públicos.
O novo governo pretende que a exclusão do Bolsa Família do teto de gastos seja permanente, assim como são excluídas do teto de gastos as despesas com os juros da dívida pública. Deste que o teto foi criado, em 2017, a exclusão dos juros já transferiu R$ 2,3 trilhões da sociedade para os bancos, rentistas e outros especuladores que vivem da dívida pública.
RECUPERAÇÃO DOS SALÁRIOS
Lula reuniu-se também nesta quinta-feira (1), no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), com representantes de 22 centrais sindicais, Federações e confederações. As principais demandas das entidades são os aumentos dos salários e o fim do desmonte das entidades sindicais promovido pela política anti-povo do governo Bolsonaro.
“Nosso pedido principal foi o salário mínimo, sendo mais factível que já no início do ano exista uma política de valorização do salário mínimo”, disse o presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah. O governo Lula briga para incluir na PEC da Transição recursos para garantir, já em 2023, o início da recuperação do salário, com aumento real de seu valor. O salário mínimo do Brasil é um dos menores do mundo, sendo menor até do que o salário do pequenino Paraguai.
A outra reinvindicação é a garantia de recursos para as atividades dos sindicatos. O governo anterior praticamente inviabilizou o funcionamento dos sindicatos dos trabalhadores e não alterou a arrecadação das entidades patronais. “Qualquer país do mundo tem política de custeio para o movimento sindical”, disse o presidente da UGT. “Nenhum sindicato vive apenas da mensalidade, isso não existe. Queremos não do formato anterior, quando, se o sindicato fazia um bom trabalho para a categoria ou não, ele recebia. Não é isso que queremos”, destacou Patah.