
“Esta é um batalha que precisa ser feita também pelo povo”, disse o presidente. Ele reforçou que governar “exige participação ativa da população”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou nesta quinta-feira (4), durante ato em Belo Horizonte, o povo brasileiro a barrar as articulações dos bolsonaristas pela impunidade dos golpistas. Ele afirmou que o Brasil vive um momento de tensão política, no qual há risco de o Congresso Nacional aprovar a anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
“Se votar no Congresso, corremos risco da anistia. O Congresso tem ajudado o governo, mas a extrema direita tem muita força ainda. É uma batalha que precisa ser feita também pelo povo”, disse o presidente, destacando que “democracia não é só direito de votar, mas também o direito de governar, de dar palpite, de ajudar a governar”. “Muitas vezes quem sabe fazer as coisas não é o governo, são vocês. O governo é a porta e vocês são o vento, e vocês passam por essa porta”, destacou o presidente..
Após anunciar o programa de distribuição de gás para a população mais pobre, Lula reforçou que governar “exige participação ativa da população”. Ele incentivou os comunicadores presentes a fiscalizar, cobrar e criticar a gestão, destacando que a pressão popular é fundamental para que os programas governamentais avancem. “Não tem que ter medo de criticar o governo. O governo, se estiver errado, tem que tomar cacete mesmo”, afirmou.
Ele voltou a manifestar insatisfação com o ritmo das obras e dos programas de seu governo. “Esse dia quase entro em briga porque descobrimos que no Brasil tem 4 milhões de casas que não têm banheiro. Não é possível que a gente não mude essa situação. Queria a ajuda de vocês para mudar”, disse. O presidente reafirmou que há problemas sociais básicos que atingem a população mais pobre do país. “Tudo que eu faço é experiência de vida. Não tem nada inventado. Eu sei o que é o sofrimento. Sei a desgraceira que acontece na periferia e quero mudar isso”, argumentou Lula.
Ele chamou a atenção para os riscos da desinformação e denunciou as narrativas extremistas que circulam nas redes sociais. O presidente defendeu o fortalecimento da comunicação comunitária. “Estamos vivendo esse momento delicado no Brasil, de incompreensão. A gente precisa politizar nossas periferias. Precisamos combater as fake news. Não tem porque deixar a mentira ser mais importante que a verdade”, apontou.
O presidente disse que não quer apoio chapa-branca. Ele cobrou mais engajamento da sociedade na cobrança por resultados. “Falta um pouco de rebeldia, de cobrar de verdade, porque se a gente não tiver cobrança a gente pensa que está tudo bem. O dirigente sindical, se ninguém reclamar, ele pensa que é o melhor. O político é a mesma coisa”, afirmou. “Não atuem como meros defensores do governo, mas sim como representantes críticos das comunidades que integram”, acrescentou.
“Queria pedir a vocês isso: não quero que sejam chapa-branca, puxando o saco do governo. Quero que vocês sejam verdadeiros, e para serem verdadeiros tem que começar pela comunidade que vocês representam. Se o governo merecer, faça a crítica. Se não merecer, não faça falsa crítica”, prosseguiu. Ele encerrou criticando os chamados “falsos patriotas” que defendem intervenção externa, citando o presidente dos EUA: “Estamos vendo agora os falsos patriotas pedindo intervenção do Trump nos EUA. Os caras estão embrulhados na bandeira dos Estados Unidos pedindo intervenção”, denunciou.