Lula condena “qualquer incursão terrestre dos EUA na Venezuela”

Lula em visita a Belém do Pará (reprodução)

“Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre da Venezuela por forças militares dos Estados Unidos”, disse o presidente. Ele também caracterizou a operação policial no Rio de Janeiro de “matança”

O presidente Lula afirmou nesta terça-feira (4), durante entrevista a veículos internacionais, em Belém do Pará, que é contra qualquer possibilidade de incursão terrestre dos Estados Unidos na Venezuela. “Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre da Venezuela por forças militares dos Estados Unidos”, disse Lula aos jornalistas.

Ele também defendeu que a única saída para a crise entre os dois países é o diálogo, e reiterou sua disposição de atuar como mediador. As declarações ocorreram em Belém, no Pará, onde Lula participa dos preparativos para a COP30.

Durante a conversa, o presidente foi enfático ao condenar o uso da força e relembrou do encontro que teve com o presidente dos EUA. “Eu disse ao presidente Trump: problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogos”, afirmou, ao recordar seu encontro com Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, no mês passado.

Lula disse também que a megaoperação da semana passada, no Rio de Janeiro, onde morreram 121 pessoas, sendo quaro policiais, foi uma “matança”. A ação das forças de segurança deixaram dezenas de mortos entre suspeitos e policiais nos complexos do Alemão e da Penha. A fala aconteceu na mesma entrevista citada acima. Segundo Lula, “a ordem do juiz era para que fossem cumpridos mandados de prisão, não para uma matança – e, no entanto, houve uma matança. Acho importante verificar as circunstâncias em que ocorreu.”

O presidente Lula chamou, ainda, a operação conduzida pelo governador bolsonarista Cláudio Castro, de “desastrosa”. “A dura realidade é que, em termos de número de mortos, alguns podem considerar a operação um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação estatal, acredito que foi desastrosa”, disse o presidente, acrescentando que o governo federal vai pressionar por uma investigação independente da megaoperação policial que terminou com 121 pessoas mortas no Rio de Janeiro na semana passada, incluindo quatro policiais.

O presidente já havia feito uma cobrança enfática de uma ação coordenada entre o governo federal e o do Rio de Janeiro para combater o crime organizado, sem colocar em risco a vida de pessoas inocentes. “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, sentenciou Lula.

O presidente, em sua mensagem na rede X, também citou a operação coordenada pela Polícia Federal (PF), realizada no último mês de agosto, voltada ao combate à atuação do crime organizado, mais notadamente ao PCC (Primeiro Comando da Capital), na cadeia produtiva de combustíveis.

“Foi exatamente o que fizemos em agosto na maior operação contra o crime organizado da história do país, que chegou ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro”, prosseguiu o presidente. Lula também defendeu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública que foi encaminhada ao Congresso Nacional no mês de abril deste ano. Segundo ele, com a mudança desse comando constitucional “vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”.

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